O Jovem Não é o Futuro


Image

 

Por Valmir Nascimento Milomem Santos

Freqüentemente ouço pessoas, inclusive lideres, referirem-se aos jovens como o futuro do Brasil ou da Igreja. Atribuem a eles a responsabilidade do amanhã, do porvir, do que virá.

Potencialmente são futuros pregadores, ensinadores, cantores. Futuro isso, futuro aquilo. O presente, não raras vezes, é ignorado; quando muito, sãos lhes direcionadas atividades de somenos importância.

O erro não está simplesmente em atribuir-lhes o futuro; mas em excluí-los do presente. Tratam os jovens como embriões ou simples projetos, cuja utilização somente se concretizará daqui a alguns anos ou décadas. Uma concepção que será idealizada somente quando os velhos se forem ou, ainda, um software que está em fase de elaboração e será executado exclusivamente quando o seu ‘tempo chegar’.

Não negligencio que muita coisa mudou. O espaço dos jovens acresceu e as oportunidades se intensificaram. Tanto na igreja quanto no ambiente secular os raios do sol começaram a bater nas faces dos mancebos e os ventos impulsionar os seus navios. Entretanto, tal evolução ainda é tímida se levarmos em consideração a potencialidade da mocidade e o modelo de trabalhos que lhes são destinados.

A falta de coragem que muitas pessoas têm em dar oportunidades à juventude no ambiente eclesiástico não têm, com certeza, Deus como modelo. Ele, aliás, foi quem mais acreditou no potencial dos moços. O sonhador José, o tímido Gideão e o bravo Davi são alguns desses exemplos. Que não dizer ainda do sábio Daniel e do fiel Timóteo que executaram, sem pestanejar, a vontade de Deus.

O jornalista cristão Sérgio Pavarini argumenta que a busca do crescimento da Igreja impulsionou a liderança a tratar os jovens e adolescentes em blocos. Mega concentrações, shows e congressos. Segundo ele, “A galera segue por aí ocupada com ensaios, conferências e jantares. Cheios de energia, eles têm o potencial sub explorado em arengas intermináveis do tipo ‘reuniões ordinárias’”.

É óbvio que isso é imprescindível. É claro que esses trabalhos são louváveis. Quanto a isso, nada questiono. No entanto, não se pode esquecer do jovem na sua individualidade, no seu dia a dia. Afinal, com muita freqüência, encerrados aqueles eventos, os moços voltam para suas congregações, e, novamente, pegam o bonde do cotidiano. E lá continua estendida a cortina escrita: O jovem é o futuro da Igreja!

 

Uma das argumentação sobre a impossibilidade da atuação do jovens nos trabalhos de maior relevo é – a falta de experiência – . Dizem, freqüentemente, que falta “bagagem” aos moços. Ora, como adquirirão experiência se não lhes dão oportunidades. Como aprenderão a pregar se não os deixam chegar aos púlpitos?

É óbvio que falta experiência aos jovens. Isso é natural. Porém, só aprende quem pratica, diz o velho adágio. Dê-lhes oportunidades e eles correram em busca de informações. Concedam-lhes os púlpitos que eles prepararão seus sermões. Deixe-os lecionar que certamente se prepararão!

Apesar da pouca experiência dos mancebos, quando bem aproveitados, têm eles a plena capacidade de realizar trabalhos consistentes que produzirão frutos. O que não se pode fazer é destiná-los ao anonimato, desperdiçar talentos e não fazer uso do seu maravilhoso potencial. Pior que jogar pérolas aos porcos é mantê-las escondidas, cuja beleza não é apreciada e o brilho ofuscado.

Jovens cristãos que não são bem aproveitados durante a sua mocidade, resultarão em adultos improdutivos, despreparados, incompetentes e apáticos. Por essas e por outras é que não devemos temer em conceder oportunidades para os moços e moças da igreja cristã. Não podemos trancá-los em casulos. Não podemos negar-lhes atividades.

Desta forma, lembramos:

O jovem não é simplesmente o futuro, e sim o presente.

O jovem não é um projeto, é uma realidade.

O jovem não é incompetente, é mal utilizado.

Os jovem não quer o futuro, e sim o presente. Pois, o porvir não basta!

Publicidade

5 comentários

  1. Assino em baixo!
    Os jovens, muitas vezes, são vistos até como um problema para a igreja. Já vi muitas vezes líderes se referirem aos jovens, como um grupo dentro da igreja que não se interessa por santidade ou comunhão com Deus. Ora, há uma potência muito grande de jovens sem ser explorada, infelizmente…

  2. Pesquisava na internet o tema “Como a igreja desperdiça os talentos de um jovem pastor?” por me achar muito triste com a nossa actual situação. Somos jovens, pastores, consagrados no Brasil, agora estamos em Angola e a liderança da Igreja nativa simplesmente nos segrega. Temos 28 e 25 anos mas não temos nenhuma ocupação a 1 anos. Triste.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s