Pentecostalismo e política

Há, ainda, pouca produção da teologia pentecostal aplicada à teologia política. Amos Yong, que talvez seja um dos poucos teólogos pentecostais a investigar essa área com profundidade, em seu livro In the Days of the Caezar: Pentecostalism and Political Theology reconhece que poucos teólogos pentecostais têm buscado desenvolver uma teologia política a partir da metodologia e hermenêutica pentecostal, especialmente em razão da tradição oral do pentecostalismo e a sua recente chegada ao meio acadêmico.

Tais fatores, aliados ao pluralismo do pentecostalismo global, segundo Yong, dificultam articular uma auto-compreensão eclesial da identidade e da metodologia da teologia pentecostal . Não obstante, segundo Amos Yong, embora se suponha que o pentecostalismo seja uma teologia baseada na experiência, espiritualidade ou piedade, é possível se extrair dela implicações normativas para a fé cristã em praça pública . Ele afirma que uma reflexão teológica distintamente pentecostal não é apenas uma atividade paroquial, “mas tem potencial construtivo para iluminar a crença e a prática cristã no século XXI”.

Cristianismo pentecostal

“Na essência, o movimento pentecostal não está centrado no Espírito, mas em Cristo. A obra do Espírito, como pentecostais a entendem, centraliza-se em exaltar e testemunhar o senhorio de Cristo. Os pentecostais ecoam a mensagem apostólica: Jesus é o Senhor. Jesus é quem batiza no Espírito. Observemos também que a fé e a prática pentecostal emanam da Bíblia. É frequente retratarem os pentecostais como extremamente emocionais e experiencialmente conduzidos, mas essa é caricatura da imagem real. Na realidade, os pentecostais são o “povo da Bíblia”. Embora os pentecostais incentivem a experiência espiritual, fazem-no com um olho atento às Escrituras. Como já observei, a Bíblia, e particularmente o livro de Atos, fomenta e molda a experiência pentecostal.”

Teologia Pentecostal na Praça Pública: Desafios e Diretrizes para uma interface com a esfera política

O presente artigo analisa o crescimento e a característica heterogênea da religião evangélica no Brasil, destacando, especialmente, a hegemonia das igrejas pentecostais, desencadeada na América Latina em tempos recentes. Enfatiza as ondas do pentecostalismo e a chamada “neopentecostalização”, assim como a chegada desses novos atores sociais na praça pública, principalmente na esfera política, passando a influenciar as disputas eleitorais. Diante desse quadro, reconhecida a legitimidade da participação política das igrejas evangélicas, discute-se sobre o desenvolvimento de uma teologia pentecostal que forneça embasamento para uma interface coerente com a esfera político-eleitoral, propondo, ao final, diretrizes para uma teologia política de matriz pentecostal, de onde deve ressair uma ética religiosa que seja capaz de interagir adequadamente coma esfera pública.