Os perigos do pragmatismo no meio eclesiástico
Foco em resultados é um dos principais lemas das organizações na atualidade. Seja no meio empresarial, governamental e até mesmo na sociedade civil organizada a gestão por resultados direciona a estratégia e a forma de agir da grande maioria das instituições hodiernamente. Isso ocorre porque o pragmatismo é uma das principais características do tempo presente (pós-moderno), cuja lógica é aplicada em vários setores da sociedade, tais como educação, economia, políticas públicas, legislação e até mesmo em decisões judiciais. Como escreveu John Stott: “No mundo moderno multiplicaram-se os pragmáticos, para os quais a primeira pergunta acerca de qualquer ideia não é: “É verdade?”, mas sim: “Será que funciona?”[1]. Assim, a praticidade e a utilidade norteiam em grande medida a vida e a decisão das pessoas.
A palavra pragmatismo deriva do grego pragma, que significa feito, obra, realização, negócio ou coisa. Na filosofia o pragmatismo é uma linha de pensamento caracterizada pela ênfase dada às consequências – utilidade e sentido prático – como componentes vitais da verdade. Dentre os principais expositores dessa corrente podem ser citados Charles Sanders Peirce, William James e John Dewey.
A praticidade e o direcionamento pelos resultados não representam, aparentemente, nocividade à fé e práticas cristãs. Afinal, em muitos aspectos de nossas vidas agir com praticidade é algo essencial. No casamento, na educação e na atuação profissional, por exemplo, precisamos de eficiência, sem a necessidade de maiores reflexões e considerações teóricas. O princípio da eficiência, entendido como o emprego dos meios necessários para se atingir determinado fim, é importante no desempenho de muitas de nossas atividades vitais, inclusive no ambiente eclesiástico, sob pena de nos tornamos burocráticos e ultrapassados.
Contudo, quando a simples praticidade dá lugar ao pensamento pragmático, direcionando por completo a pregação e a metodologia de trabalho da igreja, empurrando para a periferia uma série de princípios fundamentais e elegendo, como único fator relevante os resultados[2], sem considerar os aspectos teológicos, morais, sociais e psicológicos que cercam o ato, então o testemunho cristão e a conduta do ministério são colocados em risco.
Continua leitura em CPADNews