Os anjos perderam o livre arbítrio?

por Antônio Costa

Por mera curiosidade em saber o que anda sendo dito em um dos maiores congressos realizados no sul do nosso país, e que ano após ano continua atraindo multidões, decidi ouvir um dos mais celebres de seus pregadores e, segundo o próprio, prega a dezoito anos consecutivos no referido evento.

Após alguns minutos da preleção, ouvi o pregador afirmando com todas as palavras e de forma bem categórica, que os anjos não tem livre arbítrio e nem sentimentos, e fazem apenas o que foram programados para fazerem, ou seja, são como robôs. Aguardei ansioso pelas referências bíblicas que embasariam tal tese, imaginando como poderia esse ensino ter me passado despercebido, nos meu últimos vinte anos como estudante da Bíblia. No entanto, NENHUM versículo ou passagem bíblica foi utilizada, mesmo assim, como de praxe, foi ovacionado pelos demais preletores e pela multidão que o ouviam.

Lamentavelmente, sua única base para defender a referida argumentação se limitou em sua particular interpretação, defendendo, sem nenhuma fundamentação bíblica, que Deus resolveu simplesmente destruir o livre arbítrio dos anjos após a rebelião de lúcifer, evitando novas rebeliões, não mencionando contudo, onde ou quando os anjos deixaram de ter livre arbítrio e sentimentos.

Para ser sincero, penso que até um leigo em teologia, ao contrário do pregador que se intitula “doutor em divindade”, não teria muita dificuldade em perceber uma imensa incoerência em acreditar que o nosso Deus, que procura adoradores que o adorem em espirito e em verdade (Jo 4:23), com sinceridade e desprovidos de rituais vazios (Am 5:21-24, Hb 11:4), se contentaria em receber uma adoração programada, robotizada e destituída de sentimentos, seja por parte dos anjos, ou de quem quer que seja.

Portanto, continuarei acreditando no que a Bíblia diz, que os anjos adoram a Deus, assim como fazem os verdadeiros adoradores, porque reconhecem o seu domínio, seu poder, sua soberania e sua glória. Ele é digno de ser adorado e jamais aceitará nem dos anjos e nem dos homens nenhuma adoração que não seja autêntica, verdadeira, espontânea e acima de tudo motivada e repleta de amor. Adoremos a Deus simplesmente porque Ele é Deus e porquê Ele nos permite o privilégio de adora-Lo. “Dai ao Senhor a glória de seu nome; trazei presentes, e vinde perante Ele; adorai ao Senhor na beleza da sua santidade” (1 Cr 16.29).