por Valmir Nascimento
Novo estudo realizado pelo Grupo Barna evidencia aquilo que muitos de nós já suspeitávamos: a moral cristã está sendo conduzida para fora das estruturas sociais e do palco principal da cultura, deixando um vácuo em seu lugar, enquanto a cultura mais ampla está tentando preencher esse vazio.
A pesquisa revela crescente preocupação dos americanos sobre a condição moral da nação, indicando que muitos adultos admitem que são incertos sobre como determinar o certo e o errado. Os resultados apontam que a maioria dos adultos americanos (57%) definem a questão ética a partir da experiência pessoal. Este ponto de vista é muito mais prevalente entre as gerações mais jovens do que entre os adultos mais velhos. Três quartos dos Millennials (74%) concorda totalmente ou um pouco com a declaração: “Tudo o que é certo para a sua vida ou funciona melhor para você é a única verdade que você pode saber”, em comparação com apenas 38 por cento das pessoas idosas.
Além disso, um número considerável de americanos vêem a moralidade como uma questão de consenso cultural. Cerca de dois terços de todos os adultos americanos (65%) concordam fortemente ou pouco (18% e 47%, respectivamente) que “cada cultura deve determinar o que é moralmente aceitável para o seu povo.”
Enquanto a maioria dos adultos norte-americanos concordam que a cultura desempenha algum papel no estabelecimento de normas morais, a maioria também concorda que “a Bíblia nos proporciona verdades absolutas morais que são os mesmos para todas as pessoas em todas as situações, sem exceção” (59%).
Mas os resultados também apontam que a maioria dos norte americanos, incluindo cristãos, são mais conduzidos por um novo código moral, “a moralidade da auto-realização”, que pode ser definida pelos seguintes postulados orientadores:
1. a melhor maneira de encontrar-se é de dentro de si mesmo;
2. as pessoas não devem criticar escolhas de vida feita pelos outros;
3. para ser bem sucedido na vida, você deve buscar as coisas que você mais deseja;
4. a meta mais elevada da vida é desfrutá-la tanto quanto possível;
5. as pessoas podem acreditar no que quiserem, desde que essas crenças não afetam a sociedade;
6. qualquer tipo de expressão sexual entre dois adultos, de forma consensual, é aceitável.

Ao avaliar a pesquisa, David Kinnaman observou que “A maioria acredita que a Bíblia é a fonte das normas morais que transcendem a cultura de uma pessoa, e que essas verdades morais são absolutas, e não em relação às circunstâncias”. No entanto, ao mesmo tempo, atribui a cinco dos seis princípios (cf. tabela imagem anterior) as diretrizes do novo código moral.
O nome para essa dissonância cognitiva é hipocrisia. Ou seja, ao mesmo tempo em que se defende um ética absoluta centrada em Deus, vive-se sob a diretriz da realização pessoal e dos valores próprios. No plano corporativo, isso é percebido quando as instituições religiosas bradam em favor de determinadas posturas éticas e contra o secularismo reinante, ao passo em que se adota o pragmatismo, o autobenefício e a governança secularizada no ambiente eclesiástico, sem considerar a existência e a vontade de Deus para todas as coisas.
O erro não está em defender a verdade e a ética absoluta, mas em viver como se ela não existisse, ainda que dela fazendo propaganda.