O termo “Pós-Modernidade”


por Valmir Nascimento Milomem

Definir o termo pós-modernidade não é uma tarefa fácil. Aliás, o debate em torno do assunto já inicia no próprio significado da expressão pós-modernismo, o qual encerra uma gama variada de significados a depender do ângulo em que se observa. Por esse motivo, Rubem Amorese, em tom de humor, escreve: “O que é a pós-modernidade? Resposta: não sei. E tem mais: ninguém sabe. Se soubessem, não a chamavam de ´pós alguma coisa´. Chamavam-na pelo nome. Mas chamam-na de pós-modernidade porque só sabem até a modernidade”.[1]

De fato. A expressão pós-modernidade não possui um significado unívoco ou estático. David Lyon adverte que “pós-modernidade é um conceito multifacetado que chama a nossa atenção para um conjunto de mudanças sociais e culturais profundas que estão acontecendo neste final de século XX em muitas sociedades “avançadas”. Segundo ele: “Tudo está englobado: uma mudança tecnológica acelerada, envolvendo as telecomunicações e o poder da informática, alterações nas relações políticas, e o surgimento de movimentos sociais, especialmente os relacionados com aspectos étnicos e raciais, ecológicos e de competição entre os sexos”. (Pós Modernidade, Paulus)

Stanley Grenz também observa que “o pós-modernismo refere-se à atitude intelectual e às expressões culturais que estão se tornando cada vez mais predominante na sociedade contemporânea”. (Pós-Modernismo, Vida Nova)

Como se percebe, não é possível atribuir um conceito estanque ao fenômeno em estudo. Nesse sentido, a análise conceitual e etimológica não é o melhor caminho para compreendermos o teor da pós-modernidade. Mesmo porque, a expressão traz em seu núcleo certo aspecto paradoxal, conflitante. Vejamos: Moderno, entende-se, é aquilo que é novo, recente, do tempo presente. Desta forma, pós-moderno seria o pós-novo, o pós-recente ou o pós-presente.

Sem embargo, porém, vale registrar que o termo pós-moderno talvez tenha sido empregado pela primeira vez na década de 30 para se referir a uma importante transição histórica que estava em andamento e também como designação para certos desenvolvimentos nas artes. Todavia, como anota Stanley Grenz, o pós-modernismo não ganhou atenção generalizada até a década de 70. No início, diz Grenz, denotava um novo estilo de arquitetura. Em seguida, invadiu círculos acadêmicos, primeiramente como rótulo para as teorias expostas nos departamentos de Inglês e de Filosofia das universidades. Por fim, tornou-se de uso público para designar um fenômeno cultural mais amplo. (Pós-Modernismo, Vida Nova)

Além disso, alguns escritores costumam diferençar entre pós-modernidade e pós-modernismo. O pós-modernismo, segundo afirmam, teria a ver com uma atitude intelectual e com uma série de expressões culturais.  Já a pós-modernidade, refere-se a uma época emergente; tem a ver com mudanças sociais.

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2 comentários

  1. O pós-modernismo, termo usado para descrever a crise do capitalismo e do socialismo entre o fim da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) e o início da década de 50, é de caráter eclético e pluralista. Trata-se de um movimento que se desloca em duas direções: o da descontinuidade dos projetos da modernidade, e o da superação e transcendência da modernidade. O primeiro, é uma ruptura com todos os postulados e perspectivas iluministas, enquanto o segundo, trata-se de uma reconstrução dos projetos e perspectivas da modernidade. Segundo Connor, uma das características do pós-modernismo é a relação complexa que ele tem com o modernismo – que é, no seu próprio nome, ao mesmo tempo invocado, admirado, tratado com suspeita ou rejeitado (1992, p. 58).
    O historiador Arnold Toynbee (1889-1975), a quem se atribui o primeiro uso do epíteto “pós-moderno”, empregou o vocábulo para “caracterizar a queda da civilização ocidental na irracionalidade e no relativismo a partir de 1870” (1992, p. 57). Muito embora, a origem do vocábulo não seja atribuída ao filósofo francês Jean-François Lyotard, o autor é, talvez, o mais proeminente difusor do estudo da pós-modernidade. A principal obra de Lyotard, A condição pós-moderna1, publicada em 1979, tornou-se um guia a todos os que desejam investigar os conceitos, filosofias e características da sociedade pós-moderna. Mesmo as críticas suscitadas pelo pragmático Richard Rorty, ou pelo teórico social marxista alemão Jürgem Habermas, não ofuscaram a intensidade das análises de Lyotard. Para este, os projetos do progresso científico tornaram-se mitos a partir da Segunda Guerra Mundial, perdendo totalmente a credibilidade.
    Fundamentado nas análises de Daniel Bell e Alain Touraine a respeito da sociedade pós-industrial e mediante a análise das transformações políticas, econômicas, culturais e sociais ocorridas na Modernidade, Lyotard, teoriza a respeito das profundas transformações da sociedade planetária. Essa nova fase, chamada de pós-modernidade, está ligada ao surgimento de uma sociedade pós-industrial, na qual o conhecimento tornara-se a principal força de produção.2 O termo pós-moderno para o filósofo francês quer dizer “o estado da cultura após as transformações que afetaram as regras dos jogos da ciência, da literatura e das artes a partir do final do século XIX” (2000, p.xv).

  2. Mestre Esdras,

    Como sempre, sua contribuição é profícua!

    É impossível falarmos sobre pós-modernidade sem mencionar realmente Jean-François Lyotard para quem tal período é caracterizado pelo estilhaçamento das metanarrativas; bem como Richard Rorty e Habermas, além de Derrida, Michel Foucault e, mais recentemente, de Bauman, Negri, Deleuze e outros.

    E com isso, o termo vai cada vez mais sendo pulverizado e destituindo-se de qualquer sentido exato. Coisa da pós-modernidade (rs).

    abç

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