Uma tragédia como a do Haiti desperta o melhor em nós. A compaixão, a solidariedade, o amor por desconhecidos. São sentimentos comuns em missionários como Zilda Arns. Ela morreu pregando “luz e esperança na conquista da paz nas famílias e nações”. Na igreja que desabou e a levou aos 75 anos, Zilda apontou a família como a estrutura maior dos valores éticos. O amor fraterno, disse Zilda, começa na gestação, “no ventre sagrado da mãe”.
“Não existe ser humano mais perfeito, mais solidário e sem preconceitos que as crianças”, disse em sua última palestra Zilda, viúva, mãe de cinco filhos, 12ª de 13 irmãos – três irmãs religiosas e dois sacerdotes franciscanos. Fundadora da Pastoral da Criança e a da Pessoa Idosa, essa catarinense do bem se empenhava em reduzir a mortalidade infantil e a violência doméstica. “A paz começa em casa” era um de seus lemas.
Não sou religiosa mas acredito na família como núcleo para a construção de melhores cidadãos, que saibam ao menos distinguir o certo do errado.
Por tudo isso, um drama familiar divulgado na semana passada é tão chocante. A protagonista é Lauren Mayá Portella, de 19 anos, filha de professora universitária, Mauren, e de procurador federal do Rio de Janeiro. Estudante de Direito, Lauren tramou de maneira fria e calculista um assalto à própria mãe com a cumplicidade do namorado office boy, Marcos Vinicius Almeida. O casal de bandidos estava foragido até a última sexta-feira.
O envolvimento de Lauren no assalto – ocorrido no ano passado – foi descoberto quase por acaso. A Polícia Civil investigava a participação de Marcos Vinicius em sequestros de gerentes de banco e roubos de carro. Gravou todos os seus telefonemas e, ao escutar os registros, encontrou essa conversa com a namorada. A universitária é procurada por roubo e formação de quadrilha.
O que mais revolta nas gravações é o descaso e o desamor que Lauren demonstra pela mãe. Morando numa casa confortável de classe média no Rio de Janeiro, nada parecia faltar a Lauren. O namorado, “Vinicinho”, era bem acolhido e dormia na casa da namorada nos fins de semana.
Lauren tramou de maneira fria e calculista um assalto à própria mãe, com a cumplicidade do namorado
Nos telefonemas, Lauren comanda toda a ação e pergunta ao namorado se vão “pegar” a mãe na ida ou na volta da igreja: “Fica parado na porta da lan house; quando ela sair, você sai”. E grita simultaneamente: “Tchau, mãe. Traz um doce pra mim. Beijo”. A 300 metros da casa, os comparsas do namorado abordam a professora com uma arma, levam carro, celular e bolsa. “Vinicinho” liga para Lauren dizendo que tinha acompanhado tudo da esquina: “Ela tentou correr. Aí, o moleque jogou a moto em cima, botou uma arma para o alto e ela parou”.
Se a professora reagisse, poderia ter sido morta por um tiro. Quando o namorado aconselha Lauren a comprar um celular em feira de produtos roubados para dar à mãe, a moça responde com tédio: “Ela não quer nada roubado. Só quer encher meu saco”.
Separado da mãe de Lauren, o pai procurador, cujo nome não foi divulgado, primeiro não acreditou, mas depois atribuiu toda a culpa ao namorado. Um dos medos dos pais de meninas é o amor bandido, o envolvimento da filha com traficantes e assaltantes.
“Se alguém influenciou alguém, foi ela que influenciou o garoto”, diz o psiquiatra Luiz Alberto Py. “Ele é um office boy, de repente aparece uma patricinha, ele fica todo entusiasmado. Ela é de outro nível sociocultural e já tem maturidade para discernir. Não se interessa pela mãe nem teme consequências. São dois bandidos que se juntam para cometer um crime. Lauren pode ser uma psicopata, e os psicopatas não têm solidariedade, compaixão, amor.”
Há um perfil aparentemente falso de Lauren no Orkut, com 39 amigos, todos do Ceará. Nesse perfil, algumas de suas comunidades são “Sou Patricinha, e Daí?” e “Eu Odeio Minha Mãe”.
A comunidade “Eu Odeio Minha Mãe” tem 3.844 membros. Os depoimentos são terríveis, incluem xingamentos e desejos de que a mãe morra. Um dos motivos do ódio é: “Minha mãe só sabe dizer não” e “se julga dona da verdade”. Fora as drogas, pais e mães devem refletir sobre as causas dessa calamidade moral que devasta tantas famílias.
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br
Fonte: Época
Olá!
Pois é… os tempos estão mudando as referências e os códigos de conduta… ou a instituição familiar se modifica para acompanhar a realidade ou permanece a desacreditada e obsoleta fábrica de neuroses que a gente vê e que agora está sendo severamente posta em xeque.
Ou a gente se coloca no mundo de forma coerente ou vamos ficar no discursinho de vítima, bem típico: “E agora, quem poderá nos ajudar? Ai ai ai, como viveremos? Calamidade moral” por aí vai…
Abraço!
Atualmente e sempre o inimigo tem atacado a estrutura da familia, hj os pais com a vida tão atribulada com seu trabalho, esquecem de conversar e participar da vida dos filhos e ate mesmo aconselhar, e trocam o carinho e o amor por presentes e uma liberdade cega.
Duda e o seu velho desconhecimento dos aspectos negativos da pós-modernidade sobre a família.
Eis então o princípio lógico do terceiro excludente: ou você desconhece os aspectos negativos da contemporaneidade ou não aceita os valores provindos da instituição familiar.
Dizer que a instituição deve modificar para acompanhar a realidade para não permanecer desacreditada é o ponto máximo do desconhecimento do atual cenário e dos pontos norteadores da atual sociedade.
Dia após dia a mídia apresenta (se estiver no planeta Terra deve ter percebido isso) filhos que se insurgem contra seus pais, em total desrespeito ao principio da autoridade, em razão exatamente daquilo que vc chama de “mudanças das referências e novos códigos de condutas”, e o resultado é latente, famílias desajustadas; filhos rebeldes sem causa, que não aceitam não como resposta e acham que seus genitores são mordomos prontos para lhe servirem.
O que é isso? novos códigos de conduta, Duda, caratecrístico da pós-modernidade que baniu os absolutos morais da vida e jogou a autoridade, a fidelidade e a moralidade para as cucuias. E vc ainda diz que a familia deve se adaptar a esse cenária. Ora, Duda, diga isso depois de ver o que a contemporaneidade tem feito com a família, com a extinção dos valores morais e depois repita seu ponto de vista: sexualidade hedonista, desregrada entre jovens; prostituição conjugal, eufemisticamente chamada de infidelidade, aceita pelo relativismo moral; pragmatismo, etc. O resultado são familias destruídas, acabadas, desordenadas, sem rumo… e vc ainda vem dizer que é preciso se adequar aos novos padrões, esse é o discurso politicamente correto que chama que o erro estão em as pessoas não aceitarem o que mundo desordeiro impõe a todos; e não a quebra dos princípios.
Com efeito, colocar-se no mundo de forma coerente, como diz, é aceitar tais descalabros? É aceitar que filhos e filhas maquinem contra seus pais e tramem assassinatos e assaltos, ou chamá-los à responsabilidade, evidenciando seus erros e apontado o caminho a ser seguido?
Essa é a pergunta, prezado Duda. Como Viveremos? Não é quem vai nos socorrer. Mas sim, como nós socorreremos essa geração que padece de propósito de vida e que se principia para a destruição. Somente os tolos não podem ver isso.
abç
Quero parabenizar o editor por esse comentario as famílias precisam é do brilho de Cristo nada mais!
A Paz do Senhor meu querido e irmão Editor. Parabéns pelo belíssimo comentário.
Aproveitando o gancho, gostaria de lhe pedir um artigo seu sobre: ” A família na casa de Deus”
Sinceramente só li os comentários, mas pelo visto é intrigante a idéia que um comentarista teve de se mudar os valores que a instituição família defende pelos do meio em que ela está inserida somente com o propósito de não ficar obsoleta e opressora para os que vivem em seu círculo.
Bem que avisaram que para vencer um princípio absoluto (neste caso o da obediência a Deus através do ensino-aprendizado na família) é preciso somente relativizá-lo (neste caso com a desculpa de não ficar ultrapassado).
*É O FIM DO MUNDO. (Rss-Rss-Rss)*
Na fé e oração por uma vida cristã sadia e madura,
Fellyp Cranudo
Olá Fellyp, que prazer!
Eu gostaria de conversar com você por aqui também, mas meu último comentário aqui foi apagado, e isso me frustra um pouco…
Bom, mas eu sou brasileiro e não desisto nunca:
Você disse, Fellyp:
“somente com o propósito de não ficar obsoleta e opressora para os que vivem em seu círculo”
É mesmo, você tem razão… a família deve coninuar do jeito que é mesmo para ficar cada vez mais obsoleta e opressora, aliás o que seria da família se ela deixasse de ser opressora para os que vivem em seu círculo?!
Eu concordo com você Fellyp: a família deve ser opressora e anacrônica (“anacrônica” também é bonitinha, vai…)!
Abraço!
eu hein… vôte!