Darwin: A vida de um evolucionista atormentado


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O naturalista Charles Darwin no fim da vida (Foto: Reprodução)

Descontada a falta de crença religiosa do agnóstico mais famoso de todos os tempos, a imagem que Charles Robert Darwin projeta é a de um profeta — com barba branca, olhar pensativo, o pacote completo. Em um rompante de sabedoria contemplativa, Darwin teria comungado com as forças da natureza (decerto montado sobre uma tartaruga-gigante-das-galápagos) e trazido as tábuas da lei da evolução para nós, pobres mortais. Bobagem, dizem Adrian Desmond e James Moore: o pai da moderna biologia evolutiva era um sujeito do seu tempo, tão imerso nas realidades da Inglaterra vitoriana quanto industriais e políticos.

Esse retrato bem mais realista do homem por trás do mito aparece com clareza nas páginas de “Darwin: a vida de um evolucionista atormentado”, biografia alentada do naturalista que ganhou nova edição neste ano em que se comemoram os 200 anos de nascimento do britânico e os 150 anos de sua obra-prima, “A origem das espécies”.

Como fica mais ou menos claro em se tratando de um tomo de 800 páginas, a palavra chave de Desmond e Moore, ambos historiadores da ciência, é uma só: contexto. Antes de vermos o Darwin barbudo e profeta, vemos um pós-adolescente britânico enfurnado na Mata Atlântica ou brincando de caubói nos Pampas argentinos. Mas vemos, acima de tudo, que a evolução não era só uma questão científica ou (como muitos a retratam) religiosa: também era uma questão política e social.

Explica-se: Darwin não forjou a ideia de evolução do homem a partir de formas mais “primitivas” e simples de vida, embora tenha conseguido, como ninguém antes dele, explicar como esse processo ocorre com o mecanismo da seleção natural. O credo evolucionista que Darwin abraçaria já estava sendo propagandeado como uma arma de radicais políticos e sociais de todos os calibres, herdeiros da Revolução Francesa.

Tais agitadores, como se dizia na época, queriam usar a evolução como arma contra o conservadorismo, o poderio das autoridades eclesiásticas, a moralidade burguesa vitoriana. As razões que levaram Darwin a hesitar na publicação de “A origem das espécies” são complexas, mas Desmond e Moore argumentam de forma persuasiva que, em parte, elas eram políticas. Darwin não temia apenas ser visto como um ateu: também temia, como “cavalheiro respeitável” que era, ver-se associado aos membros menos respeitáveis da sociedade de seu tempo. Ele não tinha nenhuma vocação para radical — por mais radicais que seus achados tenham sido, no fim das contas.

Reinaldo José Lopes Do G1

Fonte: G1

COMENTÁRIO: Mais uma comprovação do pano de fundo ideológico  por tráz das idéias de Charles Darwin que, como diz o texto, seriam usadas como uma arma de radicais políticos e sociais de todos os calibres, herdeiros da Revolução Francesa, que queriam usar a evolução contra o conservadorismo, o poderio das autoridades eclesiásticas, a moralidade burguesa vitoriana. Pergunto: isso é ciência ou filosofia?

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