Casamento. O mundo quer tirar o seu valor?


 
Casamento

Via Revista Comunhão

Num tempo em que namorados dividem a mesma casa e discutem-se leis legalizando a união homossexual, uma instituição sagrada é colocada em xeque. O casamento, nos dias de hoje, ainda tem valor? É uma instituição frágil? Vale a pena se casar? O que Deus, o criador do casamento, deixou registrado na Bíblia a esse respeito?

Há cinco décadas não era difícil imaginar o sonho de 10 entre 10 meninas. Conhecer um ‘príncipe encantado’, casar-se na igreja, ter filhos e permanecer casada até a morte, Esse era o ideal de uma vida feliz. E não só para as garotas; os rapazes também desejavam ter uma vida estável, segura e próspera e a opção do casamento era a forma mais sensata de ver todas essas coisas se realizando.

Os anos se passaram e muitas transformações ocorreram na sociedade. A mulher ocupou um lugar maior no mercado de trabalho, o divórcio passou a ser garantido por lei, o perfil da família mudou e, com ele, muitos sonhos e prioridades também mudaram. O que antes parecia eterno passou a ser temporário, sujeito às intempéries da vida. O que fora um porto seguro passou a ser frágil, com rachaduras e abalos em toda a estrutura. O que era sagrado passou a ser banal.

Em um mundo tão diferente, tão ‘moderno’, a instituição do casamento começou a ser ignorada, rejeitada, desvalorizada e negligenciada. Porém, Deus, o criador do mundo e de tudo que nele há, continua o mesmo e o que Ele instituiu nunca poderá mudar – nem poderá falir.

Um só

Quando Deus realizou o primeiro casamento na Terra, deixou uma instrução bem clara: “Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão os dois uma só carne” (Gn 2:24). Para Deus, o matrimônio é um compromisso eterno que vai além de um contrato. O doutor em ministério familiar e diretor da Sociedade Lar Cristão, Jaime Kemp, afirma que o significado do casamento é muito mais profundo do que se costuma imaginar.

“Muita coisa já foi escrita, mas creio que os principais propósitos de Deus com o casamento sejam: refletir a imagem de Deus (Gn 1:26-27), multiplicar uma herança santa (Gn 1:28), gerenciar a criação de Deus (Gn 1:28-30), suprir e fazer companhia um ao outro (Gn 2:18 e I Co 11:11-12) e ser uma referência do relacionamento de Cristo com a igreja (Ef 5:25-33)”, disse o pastor, que conta com mais de 50 livros escritos nessa área. Ele defende piamente que o casamento não caiu e nem nunca cairá de moda e que é um compromisso para a vida toda.

“Não existem casamentos perfeitos. Os casais que abordam esse tema honestamente reconhecem que relacionamentos profundos não surgem por acaso. Eles são frutos do aprendizado de se viver juntos e de se colocar em prática o que se aprendeu”, disse Jaime.

Casado há mais de 40 anos com Judith Kemp, ele assegura que o segredo de se manter um casamento para a vida toda está na capacidade de perdoar, de manter um diálogo constante, ter uma comunicação eficaz, decidir amar, orar e também se divertir juntos.

“Bom, Judith e eu somos casados há 43 anos. Nossas principais batalhas e, conseqüentemente, nossos alvos giram em torno de aprender a nos comunicar cada vez mais adequadamente, compreender as diferenças entre nossas personalidades e temperamentos e aprender diariamente a aceitar um ao outro”, disse Kemp.

Ainda que os investimentos durante o casamento sejam necessários e fundamentais, não há dúvidas de que um bom casamento se constrói durante o período que o antecede, o tempo de amizade, namoro e noivado.

Onde tudo começa…
Um dos princípios menos praticados entre os casais e que se torna o estopim para o fim de muitos e longos relacionamentos é o princípio da renúncia. Segundo o missionário Roland Zwahlen, diretor presidente da base da agência missionária Jovens com uma Missão (Jocum) no Espírito Santo, se o futuro casal não aprender a renunciar antes de ter qualquer tipo de compromisso, o casamento correrá sérios riscos.

“Somos ensinados desde pequenos que devemos lutar pelos nossos direitos. Mas a Bíblia não ensina assim. O justo abre mão do seu direito para defender o do seu próximo. As pessoas precisam renunciar ao seu próprio direito em favor do direito do seu cônjuge. Isso é questão de caráter. Quem se casa buscando seu próprio direito de ser feliz ou de qualquer outra coisa, casa para se separar”, disse o missionário, que também aconselha jovens casais.

De acordo com Roland, quando o casal aprende a renunciar, os dois encontram a felicidade. “O Salmo 5, no versículo 11, diz assim: ‘Mas alegrem-se todos os que em ti confiam; exultem eternamente, porque tu os defendes…’, se eu defendo o meu próprio direito, Deus não me defende. Mas se eu defendo o direito do outro, Deus e as outras pessoas me defendem”, disse Roland.

Outro princípio bastante enfatizado em seus estudos e aconselhamentos a jovens é o da necessidade de se consultar a Deus antes de iniciar um relacionamento. “O casamento é plano e invenção de Deus. Por isso, se queremos ter um casamento duradouro, precisamos consultar ao Senhor. Quando vamos construir uma casa chamamos um engenheiro, um arquiteto, um pedreiro, um eletricista. Investimos alto e, quando não investimos, a casa não tem valor. Assim é com o casamento. As pessoas não perguntam para o inventor do casamento, mas constroem seus relacionamentos assim mesmo. São ‘casas’ ilegítimas e quando caem, todos ficam se perguntando o porquê”, disse Roland, que acaba de completar 26 anos de casado.

A caminho do divórcio
No dia 14 deste mês foi divulgada uma pesquisa, realizada pela Universidade de Granada, na Espanha, que aponta o Brasil, entre 35 países pesquisados, como a nação que mais aceita o divórcio. Dos entrevistados, 85% disseram que quando o casamento está mal a saída é a separação. Apenas 12% disseram que manteriam o casamento mesmo em situação de grave crise.

O autor do estudo, o professor de sociologia Diego Bacerril Ruiz, aponta que os mais favoráveis ao divórcio estão na faixa etária de 25 a 45 anos. A maioria é de mulheres com formação superior, ideologia de esquerda e pouco afeitas a cerimônias religiosas. A pesquisa foi baseada em entrevistas e estudos realizados entre 1994 e 2007.

No Brasil, o divórcio foi concedido por lei em julho de 1977, pelo então presidente Ernesto Geisel, que era protestante. A partir daí, foi também permitido casar novamente. O primeiro divórcio foi realizado em Fortaleza (CE), em janeiro de 78, entre o então vereador Gutemberg Braun e a sua esposa, Emilia Medeiros, de quem já estava fisicamente separado.

Nas últimas pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2007, um em cada quatro casamentos terminava em divórcio no Brasil. No Espírito Santo, de acordo com dados colhidos em cartórios, o número de divórcios chega à metade do número de casamentos realizados.

Em 2007 foram oficializados no Estado 20.474 casamentos e 11.261 divórcios. Em 2008, o número de casamentos subiu para 21.401 e o de divórcios teve uma pequena redução, para 10.111. No entanto, esse número pode ser ainda maior, já que não entraram na estatística os divórcios envolvendo separação de bens e guarda dos filhos. E, apesar de a pesquisa não descriminar a religião dos divorciados, pastores afirmam que evangélicos engrossam o bolo dos pedidos de separação.

“Pedro, quando saiu do barco, enquanto olhava para Jesus, andou sobre as águas. Quando ele começou a notar a força do vento ao redor e o frio das águas em que pisava foi inevitável afundar. O casamento que deixa de olhar para Jesus e nota mais a tendência do mundo e seus costumes começa a endurecer o coração. E, segundo Jesus (acho que ele entendia o coração humano!), os divórcios ocorrem por causa da dureza dos corações! (Mt 19:8)”, enfatizou Jaime Kemp.

Para sempre
No entanto, a pesquisa realizada na Espanha apresentou um ponto que, se não é totalmente positivo, ao menos traz esperança. O professor Diego notou que os menos favoráveis à separação são os ‘crentes’ que freqüentam regularmente a igreja, os viúvos, os maiores de 65 anos e os menores de 15.

“Eu penso em me casar, sim, é o meu sonho construir uma família, um lar estável. Vejo que muitos jovens da minha idade pensam somente no hoje, são irresponsáveis com o casamento e querem apenas aproveitar o momento, sem avaliar as conseqüências. Mas eu quero o plano de Deus para mim e espero nele um casamento”, disse o estudante Jônatas Siqueira Lopes, 18 anos, membro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Amazonas, em missão no Espírito Santo.

Para a também estudante Deise Bárbara Cabral Bento, 19 anos, o sonho é o mesmo. Ela está noiva e pretende se casar em junho. Em meio à correria dos preparativos, ela consegue enxergar o plano de Deus em tudo o que está vivenciando.

“Nem sempre foi meu sonho casar, mas eu encontrei uma pessoa muito especial, em todos os sentidos. Então, quero ter um compromisso sério diante de Deus, ter a bênção dEle e a liberação dos homens. Sei que casamento é para a vida toda, pois amor não é um sentimento, é uma decisão. O mundo acha que é um sentimento, então não vê validade no casamento, pois sentimentos vêm e vão. Mas quando decidimos amar, a gente consegue renunciar, aceitar as diferenças, sonhar e planejar juntos”, disse a estudante, que é da Igreja Batista Betel de Barcelona, na Serra.

Segundo ela, o relacionamento dos seus avós foi de fundamental influência. “Fui criada pelos meus avós e vejo que o relacionamento deles é de respeito e amor. Eles permanecem firmes porque sabem que casamento é para sempre e nessa história já se vão mais de 50 anos”, completou.

Os avós de Deise, o aposentado Milton Bento, 76 anos, e a dona-de-casa Delza dos Santos Bento, 69, apoiam a postura da estudante. Casados há 51 anos, com um filho e cinco netos, os dois já passaram por muitas alegrias e dificuldades, mas em todo tempo permaneceram juntos.

“O segredo é amar a Deus sobre todas as coisas e ter confiança um no outro. Fomos nós que escolhemos nos casar e, graças a Deus, fizemos um bom casamento. Ele foi meu primeiro namorado. Os jovens de hoje não se importam muito com isso, mas na minha época construir uma família importava muito”, disse Delza.

O aposentado Milton lembra-se com alegria do dia em que conheceu sua esposa. “Eu trabalhava como jardineiro na Ilha do Príncipe, em Vitória, e ela tinha apenas 14 anos. Foi amor à primeira vista. Eu olhei, gostei e casei. Nunca tivemos uma discussão. Se tivesse que me casar amanhã, casaria com ela novamente, pois tem valido a pena. Ela é minha companheira de todas as horas, ao longo de todos esses anos. Não me arrependo de ter me casado e sou muito feliz por minha vida servir de inspiração para minha neta”, disse, emocionado.

“Assim como querer morar numa casa bonita e arrumada nunca cai de moda, casar também nunca cairá. O mundo não sabe o valor de um casamento, mas Deus tem um plano maravilhoso através dele, que é para a Sua e para a nossa alegria”, concluiu o missionário Roland.

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7 comentários

  1. Valmir, eu não li o texto inteiro, mas gostaria de fazer um comentário. Lá no cursinho que eu vou, um garoto já apareceu utilizando uma camiseta que tinha um desenho de como se fosse uma boneca e um boneco (representando os noivos) se casando e, se não me falha a memória, no rosto do homem estava a boca virada para baixo (simbolizando a tristeza) e a mulher aparecia como se estivesse feliz. Junto a isso, estava escrito (talvez com mais coisas escritas): “Game Over”.
    No pensamento de muitas pessoas do mundo, o casamento acaba com a “liberdade” de sair com a garota/garoto que quiser.
    Interessante que eu tenho pensando bastante em casamento, apesar de não ter namorada ainda. Fico imaginando como ensinar coisas aos filhos, etc. Deve ser muito bacana transmitir experiências de vida, e, ainda, tendo uma companheira para ajudar. O site http://www.irmaos.com tem podcast [um arquivo de áudio (imagino que geralmente em .mp3) que é como se fosse um programa de rádio, mas gravado] e, em um dos programas, foi comentado mais ou menos o seguinte: o Max Lucado certa vez perguntou para o pai dele como que este havia conseguido manter o casamento por tanto tempo. O pai dele respondeu que foi porque o divórcio nunca foi considerado uma opção. Eu refleti nisso esses dias. As pessoas deveriam pensar no casamento mais dessa maneira. Uma aliança que não foi estabelecida para ser quebrada. Eu não sou casado, talvez esteja sendo hipócrita por estar falando nisso na minha situação de solteiro, mas, como disse, é interessante pensar nesse assunto.
    Muitas pessoas também não devem considerar o mal que faz para os filhos um divórcio, é uma experiência bastante negativa.
    Bom, já falei muito e deve ter ficado uma “salada” de assuntos jogados. Nem sei se quem ler o comentário vai entender.
    Abraço, fica na paz do Senhor Jesus Cristo.

  2. Querido irmão, a Paz do Senhor.
    Nesses últimos dias da Igreja na Terra, o inimigo está tentando mudar todo e qualquer conceito Cristão.
    Se antes ele perseguia a Igreja com chicotes e cadeias, hoje é pela banalização e profanação do sagrado.
    Que os crentes de hoje despertem, e mantenham as doutrinas bíblicas, como o casamento, instituição sagrada, onde satanás tem ganhado cada vez mais área.
    Minha oração sincera é para que os cristãos de hoje identifiquem onde o inimigo tem atuado, colocarmos nossa armadura e lutar, sem medo.
    Já dizia Martin Luther King “o que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.

    Paz a todos,

    Pb Luis Alberto
    Bloog Tempo de Cantar
    pbluisalberto.blogspot.com

  3. MUITO BOM, É ISSO Q O MUNDO PRECISA DE MAIS INVESTIMENTO PARA A FAMÍLIA, POIS CASAMENTOS ESTÃO SENDO DESTRUÍDOS, EU MESMO JÁ ME SEPAREI, E PIOR DENTRO DE UM CASAMENTO EVANGÉLICO, ISSO É UM ENGANO, PRECISAMOS NOS LEVANTAR COMO UM POVO SANTO QUE PRATICA A PALAVRA NÃO SÓ CONHECE, ANTES DE MAIS NADA SAIBA Q FIZ DE TUDO PARA SALVAR ESSE CASAMENTO, MAS É PRECISO Q OS DOIS TENHAM CONHECIMENTO SE NÃO NÃO VALE DE NADA, MAS DEUS É FIEL E ME CASEI DE NOVO NA IGREJA E TUDO, MAS CREIO Q DEUS NÃO QUER SEPARAÇÃO DE NIMGUÉM, ESSE ENGANO PRECISA SER TIRADO PRINCIPALMENTO DO MEIO DAS IGREJAS. DEUS ABENÇOE!

  4. Agradeço, desde já, a sua visita e seus comentários sobre o Divórcio.

    Aproveite para divulgar em seu blog, pois, é importante que tomemos uma iniciativa ampla e objetiva.

    A Senhor seja contigo!

  5. Pr. Luis Alberto,

    Grato pela visita e pelo comentário.

    De fato. Suas palavras são certeiras.

    Os desafios que a igreja da atualidade enfrenta são diferentes daqueles que a igreja primitiva enfrentou. Hoje não somos jogados nas arenas perante leões famintos, entretanto, vamos percebendo uma tentativa sedutora de se acabar com os princípios morais da fé cristã que tão claramente contribuiram para a formação de uma sociedade justa e solidária. E o casamento, a veia condutora da família, tem cada dia mais sido banalizado. Se não bastasse a sua desvalorização, estão agora inventando o tal “descasamento”, para celebração do divórcio. E o problema é que a sociedade não percebe que, quando ela abandona os princípios morais dados por Deus ao homem, sérias consequências acontecerão. A desvalorização da família tem promovido a violência familiar, sexo gratuito, mães solteiras, filhos sem educação e até mesmo o aborto. É isso o que acontece quando se quebra regras morais.

  6. Olá Felipe,

    Obrigado pelo seu comentário.

    Mas, não se preocupe, não precisa ser casado para saber que o casamento é algo benéfico para a sociedade. Então, você tem legitimidade para falar sobre o assunto (rs).

    Você disse algo interessante, de que um dos argumentos que apresentam em contrariedade ao casamento é de que ele acaba com a “liberdade” das conjuges. De fato, é isso que estão tentando dizer, principalmente dentro dessa nossa sociedade pós-moderna que privilegia a todo custo a liberdade irrestrita a qual chamamos de libertinagem. Isso é pura falácia. O que acontece é que as pessoas querem casar mas, mesmoa assim, mantendo o mesmo modus vivendi do tempo de solteiro. Aí não dá né amigo. A Bíblia diz que após o casamento homem e mulher tornam-se “uma só carne”. Ou seja, uma unidade. Mas, o mundo moderno não aceita isso. Eles querem liberdade para continuar com as mesmas festas e relacionamentos amorosos de antigamente, e ainda dizem que isso é “liberdade”. Ora, façam-me o favor…

    Abç!

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