Valmir.Nascimento
Pode parecer brincadeira mas em pleno século XXI ainda existe uma turma dentro das igrejas evangélicas que se manifestam em contraridade ao estudo, à leitura e à busca do conhecimento.
É muito comum ouvirmos pastores e/ou pregadores reverberando contra aqueles que se dedicam ao estudo secular, ou que procuram ampliar seus conhecimentos teológicos.
Nas igrejas pentecostais, especialmente, o cristão intelectual é tido como rebelde, frio, calculista, modernista, liberal e inveterado insurgente. James Sire (1) chama isso de versão popular do intelectual.
Diz-se, de modo recorrente, que a igreja não precisa de mais conhecimento ou de doutores, já que ela foi criada e levada adiante por pessoas que nunca estudaram, e que, portanto, a intelectualidade é desnecessária e sobretudo perigosa, já que a “letra mata e o Espírito vivifica” (falei sobre esse tema aqui).
Hedonismo mental
O anti-intectualismo, percebe-se, ainda é uma realidade no nosso meio. Como escreveu Os Guinness:
“O anti-intelectualismo é uma disposição em não levar em conta a importância da verdade e a vida da mente. Vivendo numa cultura sensual e numa democracia emotiva, os americanos evangélicos da última geração têm simultaneamente revigorado seus corpos e embotado suas mentes. O resultado? Muitos sofrem de uma forma moderna do que os antigos estóicos chamavam de “hedonismo mental” – possuem corpos saudáveis e mentes obtusas”. (2)
Sem devaneios e meias voltas, portanto, constatamos a existência de uma batalha ridícula dentro das igrejas locais: ignorantes versus intelectuais.
De um lado aqueles que não aceitam a busca do conhecimento, e do outro, aqueles que se empenham em buscá-lo. Nessa peleja, os ignorantes vão levando a melhor, é claro, já que despudoradamente se valem da opressão e de falsas técnicas de interpretação bíblica para defender suas idéias.
Ocorre que, infelizmente, muita desse pendenga inóqua é criada pelo receio que os líderes possuem de perderem espaço àqueles que possuem mais conhecimento que eles (ou que pelo menos estudam mais que eles). Essa é uma triste realidade. O resultado é a criação da imagem de que todo cristão intelectual é arrogante por natureza, que exclui Deus da sua vida cristã.
É preciso dizer a esse pessoal que a arrogância não é afeta somente aos estudiosos, mas também àqueles que não buscam conhecimento. E o que existe de cristão que se arroga da sua própria ignorância não está escrito, como se no céu fossem receber de Deus uma coroa pela burrice exercida na terra: “Toma filho, sua coroa, pela ignorância que demonstraste”. É risível!
Evitando equívocos
Não quero com isso dizer que o cristão intelectual é superior ou inferir àquele que não aprecia o estudo ou a leitura. Não, não e não!
Quero simplesmente ressaltar que a vida intelectual não é sinônimo de arrogância ou de desvio doutrinário, e que tanto estudioso quanto não estudioso estão sujeitos aos mesmos erros. É claro que a vida cristã não pode pautar-se jamais pelo grau de conhecimento que possuimos, mas sim pela dependência plena à Cristo. Como escreveu Paulo: “A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder; para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus” (I Co. 2:5,6). O que a Bíblia censura não é o conhecimento em si mesmo, mas o orgulho dele decorrente, como também se lê em I Co. 8:1,2.
Portanto, prezado leitor. Se você possui interesse em dedicar-se à leitura, ao estudo e à vida intelectual. Não se preocupe. Faça isso sem receios. Por mais que a tropa de choque anti-intelectual tente dissuali-lo.
Notas
1 – James Sire, Hábitos da Mente – a vida intelectual como um chamado cristão. São Paulo, SP. Editora Hagnos. 2005. p. 19.
2 – Os Guinness, citado por James Sire, obra citada, p. 23.
Eu, ainda, iria mais longe… Nestes últimos dias, é imprescindível mantermo-nos diante das escrituras, pois a facilidade com as quais surgem as heresias e as falsas doutrinas são evidências claras que nem ao menos temos nos preocupado em mantermo-nos debaixo da sã doutrina pela simples prática da leitura diária, o que por si só, já afastaria grande parte dos problemas correlatos a nossa geração… as más interpretações, a fuga da verdade, a espiritualidade camuflada, a busca por bens e materialidade, entre outras questões costumeiras a nossa geração.
Valmir, esse ano eu vou fazer cursinho e pretendo estudar muito. Pra ser sincero, eu tinha (e ainda tenho) um certo receio de esfriar na fé por causa disso, sabe? Acabar me dedicando muito ao estudo secular. O meu curso precisou de muitos pontos (eu considero muitos) na Fuvest, por exemplo. Eu quero passar em alguma pública. Já cheguei a pensar se eu não estou querendo o curso apenas por orgulho (engenharia de computação é o curso). Sabe? Oh! Engenheiro! (já pensou se eu ficar soberbo e orgulhoso por causa disso?).
Abraço, fica com Deus.
irmão, sou estudante de Filosofia e apaixonado pelo conhecimento, pela graça de DEUS tem conseguido avançar ou seja alarga a minha tenda(iz 54.)… tenho percebido esse conflito na igreja e por isso quero lhe dá parabéns pelo belo texto, que DEUS TI ABENÇOE, muitos se escondem na preguiça e no comodismo defendendo esses argumentos contra o conhecimento, mas é preciso afirmar que DEUS PRECISA TANTO DE PEDRO QUANTO DE PAULO!!!!PARABÉNSSSS
Divergencias sobre o vazio e isso que esta acontecendo
Oi, irmão Valmir!
Permita-me falar ao Felipe uma coisinha?
Sabe, irmão, eu aprendi uma coisa desde a minha infância e procuro praticar a lição sempre. Aprendi a entender como me ensinou o Apóstolo Paulo, que disse: “Porque dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória pois a Ele eternamente, Amém”.
Tenho a consciência de que só pareço ser alguma coisa, porque, às vezes, por Sua graça e misericórdia, Ele me permite refletir um pouco de Sua bondade, amor e muitas outras de Suas atribuíções maravilhosas.
Se você gosta do que está querendo estudar, realmente, vá em frente, irmão; dedique cada byte de conhecimento adquirido ao que é digno de receber toda glória e adoração: “Deus”.
Graça e Paz, Querido!
Ricardo,
A Bíblia é e sempre será o livro-texto de todo cristão. Ele é o nosso manual de vida.
Ótima abordagem a sua.
Gostei do seu blog.
Felipe,
A sua dúvida é pertinente, e representa a indagação de muitos jovens evangélicos de hoje em dia.
Quando almejamos coisas mais altas, como estudo e profissão, corremos sim sérios riscos de sermos atingidos pela orgulho e pela soberba. Porém, esses vícios da moralidade somente se efetivarão em nossas vidas se estivermos fora da vontade e da direção de Deus.
Portanto, se você tem o interesse de fazer o curso de engenharia da computação faça-o para honra é glória do Senhor Jesus, levando sempre em consideração que o privilégio de viver, pensar e raciocinar foram concedidas pelo Criador.
Em Cristo.
Eron,
Obrigado pelo comentário.
É bom ter um estudante de filosofia por aqui. Volte sempre!
Wils,
Boa resposta.
Obrigado pela resposta, Valmir e Wilk. Deus abençoe vocês.
EF.4.11,14: e ele mesmo concedeu uns para apóstolos,outros para profetas,outros para evangelistas e outros para pastores e mestres.
para que não mais sejamos como meninos,agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina,pela artimanha dos homens,pela astúcia com que induzem ao erro.
Será que o problema não é que quando as pessoas estudam se abstêm dos problemas difíceis da igreja? Ao menos é o que tenho detectado. Daí a igreja cria e alimenta o estigma. Infelizmente.
PAZ VALMIR, MUITO INTERESSANTE O TÓPICO ACIMA ABORDADO, HJ VEMOS UMA PROFUNDA ” LAVAGEM CEREBRAL” FEITA EM MUITAS PESSOAS QUE NÃO PENSAM, NÃO RACIOCINAM, ABSORVEM TUDO O QUE É DITO SEM QUESTIONAR, PENSAR, SEM INTERESSE PELO CONHECIMENTO. PODEMOS PERCEBER UMA PROFUNDA IGNORÂNCIA TEOLÓGICA NA VIDA DE MUITOS QUE SE CONTENTAM COM MIGALHAS, PALAVRAS DE EFEITOS, TEXTOS ANALISADOS ISOLADAMENTE E ETC.
SOU DE UMA DENOMINAÇÃO ” PENTECOSTAL” AS ASPAS AQUI NA PALAVRA NÃO E POR ACASO, VEMOS ATRAVÉS DAS ESCRITURAS QUE PENTECOSTE É UMA REFERÊNCIA A UMA DAS FESTAS DO CALENDÁRIO JUDAICO, OU SEJA, 50 DIAS APÓS A PÁSCOA, FATO ESSE CORROBORADO EM ATOS 2 COM A DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO, ISSO ESTÁ CLARO, A QUESTÃO É QUE A PALAVRA É ATÍPICA A MEU VER, POIS HJ É USADA COMO REFERENCIA A PESSOAS TRAZENDO ASSIM UMA DIVISÃO DE SEGMENTOS NA IGREJA. O REFERIDO TERMO É IMPRÓPRIO, MAIS UM ” MODISMO EVANGÉLICO”, A QUEM DIGA: ” PENTECOSTAL QUE NÃO FAZ BARULHO ESTÁ COM DEFEITO”, A IGNORÂNCIA É CLARA, AS PESSOAS HJ MEDEM AS OUTRAS PELOS DONS ESPIRITUAIS QUE POSSUI, EU GOSTARIA DE SABER SE O CÉU É PENTECOSTAL? JESUS MORREU POR UM SEGMENTO? EVIDENTE QUE NÃO! A VERDADE É QUE O TERMO VIROU UM MODISMO E ISSO PROVOCA UM “PRECONCEITO INTERNO” OS RENOVADOS OU PENTECOSTAIS NÃO INTERAGEM COM TRADICIONAIS, BATISTAS, OU AINDA FRIOS , GELADOS COMO AFIRMA UM CERTO PREGADOR. A HISTÓRIA MOSTRA QUE O “PENTECOSTE MODERNO” TEM COMO CARACTERISTICA A DIVISÃO EM VÁRIOS SEGEMENTOS COMO : PENTECOSTAIS, NEOPENTECOSTAIS, POS PENTECOSTAIS, ESSA SEGMENTAÇÃO É BIBLICA? CLARO QUE NÃO! A IGREJA DE ATOS 2, A DESCIDA DO E.S TROXE UNIDADE E NÃO DISSENÇÕES, ENTENDO QUE O VERDADEIRO AVIVAMENTO UNE AS PESSOAS E NÃO SEPARA. EU GLORIFICO A DEUS QUE APESAR DE FAZER PARTE DE UMA DENOMINAÇÃO QUE USA O TERMO DE FORMA INAPROPRIADA CHAMANDO-O DE MOVIMENTO PENTECOSTAL EU DIGO QUE NÃO SOU ” PENTECOSTAL” SOU DE JESUS E O REQUISITO DA SALVAÇÃO E ACEITAR A JESUS COMO ÚNICO SALVADOR E NÃO FALAR LINGUAS, INTERPRETAR E ETC. AFINAL, SALVAÇÃO N TEM NADA HAVER COM DONS, MAS COM FRUTOS E O MAIOR COMO JÁ DISSE PAULO É O AMOR.
DEUS ABENÇÕE MEU IRMÃO.
A paz do Senhor irmão Valmir e a todos os leitores,
Primeiramente gostaria de parabenizar o irmão pelo excelênte assunto abrangido.
Eu também já me fiz essa pergunta: será que não vou me ensoberbecer pela busca do conhecimento? Já me perguntei também se conhecimento demais não iria atrapalhar no meu carater cristão? E fiz enumeros questionamentos a Deus e a mim mesmo, até que cheguei a esse versículo: Lucas 2:52 ” E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.”
e logo depois em 2 Pedro 3:18 somos exortados “Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém.”
Diante de tudo isso cai lá em Mateus 6:33 “Buscai em primeiro lugar o Reino dos céus e a sua justiça, e todas as outas coisas vos serão acrescentadas.”
Bom desde que tudo seja pra Glória e a Honra do Senhor, e que nunca, em hipotese nenhuma, o seu estudo venha atrapalhar a comunhão com Ele e a busca em 1º lugar do Reino, seja da forma que lhe for concedido a graça para uns de pregar, ou louvar, ou ir as nações, ou ainda a da prosperidade para ser canal de benção e ainda outros para interceder, enfim muitos são os ministério.
Cresçamos então na graça e no conhecimento colocando sempre o Cabeça da igreja como cabeça e não o nosso conhecimento terreno como vanglória assim como Paulo nos ensinou.
O que eu ouço muitos mesmo é que muitas pessoas se perderam no conhecimento e deixaram a graça de lado. Para mim neste caso Cristo não é mais o cabeça da igreja.
Tem que ter o doutor mais também tem que ter o profeta!
Os mistérios de Deus não podem ser sufocados em meio a busca desesperadora pelo conhecimento secular. Afinal o Espírito Santo não está em uma caixa de sapatos tem dias que o culto é de ensinamento mais tem dias que Deus quer falar em mistérios.
Sou novo na fé tenho muito que aprender, assim como Jesus estou procurando crescer na graça e no conhecimento, curso EETAD estou retornando ao curso de inglês e agora em março começo a cursar o nível superior em teologia pela FAETEL.
Obrigado pela oportunidade.
Deus seja Louvado!
Prezado Dr. Valmir Milomem
Esta aí uma excelente questão para ser discutida em nosso meio. Pelos cometários, verifica-se que ainda existem muitas dúvidas e questionamentos.
Acabo de chegar de um evento (XI Encontro para a Consciência Cristã, realizado em Campina Grande, Paraíba)em que os temas discutidos tem como proposta promover a reflexão teológica, o crescimento intelectual e a demonstração da compatibilidade entre fé/razão.
Há pouco tempo discuti este assunto em meu blog (A Apologética no Século 21, em que demonstrei o “fastio epistemológico” que grassa em nosso meio) e acredito que ele deva ser mais abordado na blogosfera, pois a promoção da ignorância entre nós, alimenta aqueles que dependem dela para continuar manipulando o sagrado e dominado pessoas.
Existe também uma outra postura em nosso meio, na realidade, a mesma de Adam Smith, que dizia que o conhecimento devia ser dado em “doses homeopáticas”, ou seja, o mínimo necessário para que seja possível produzir, mas não o suficiente para uma tomada de consciência.
Prefiro ficar com a postura de Francis Bacon, que dizia que “um pouco de ciência afasta o homem de Deus. Muita ciência o traz de volta”. Pode saber, algumas pessoas que dizem ter “perdido” a fé pelo fato de muito estudarem, na realidade nada sabem, para essas pessoas o conhecimento fez mal, pois perderam-se na superfície acadêmica. Por outro lado, gigantes da fé – como C. S. Lewis, por exemplo – tiveram sua experiência de fé exatamente por prescrutar o saber e enriquecer sua mente.
Um grande e parabéns pela discussão.
Paz do Senhor,
Parabéns pelo artigo, muito apropriado.
Gostaria de enfatizar a opinião do irmão Daladier: “Será que o problema não é que quando as pessoas estudam se abstêm dos problemas difíceis da igreja? Ao menos é o que tenho detectado. Daí a igreja cria e alimenta o estigma. Infelizmente.”
É comum ver que os menos dados ao estudo se aplicam mais à oração e trabalho na casa do Senhor, participam mais dos cultos de oração, de vigílias, de evangelismo.
A intelectualidade realmente tem que nos levar a sermos mais aplicados na casa do Senhor.
Busquemos o equilibrio.
Abraço,
JP
http://www.joaopaulo-mendes.blogspot.com
Daladier,
Não digo que não existam casos como o citado pelo irmão. Mas, na maioria não é isso que acontece.
Sem querer estigmatizar ambos os lados, digo que ainda existe uma não pequena repulsa dentro das igrejas pentecostais (principalmente AD) quanto ao estudo contínuo por parte de seus membros.
Muito se evoluiu, é claro, todavia, ainda permanecem aqueles velhos bordões inadequados sobre a desnecessidade da educação secular, gerando com isso uma cisão no meio da igreja: intelectuais de uma lado e não intelectuais do outro.
Mas, como a lebre foi levantada: que tipo de problemas seriam esses?
Abç
Valmir
Eu fazia seminário teológico, nos idos de 1995-1998 e me deparei com a reclamação dos estudantes ali, de que a igrejas os discriminava porque estavam estudando. Eu perguntei: Qual de vocês está evangelizando aos domingos? Duas ou três mãos se levantaram. Qual está sempre que pode nos trabalhos de oração? Quase ninguém. Na EBD, quem está realmente participando e não apenas criticando os irmãos menos estudados? Poucos. Alguns ainda disseram que não iam à EBD para não se chocar com os ignorantes. Aí eu emendei: É por isso que vocês são discriminados e criticados!
Via de regra, os estudantes de teologia (antes que me crucifiquem eu sou um deles) se ausentam dos trabalhos mais difíceis, querem logo um cargo de liderança por se julgarem mais conhecedores, fogem da evangelização pessoal (dizem que é um método ultrapassado, mas não apresentam um paralelo, mais eficiente), não gostam de orar, não buscam estar avivados e cheios do Espírito Santo e vivem criticando palavras e pregações de outrem.
Não é, obviamente, o que acontece com todos, mas é aqui que está o problema. Se as ações da igreja são validadas pela Palavra, ao estudá-la deveríamos esperar mais afinco, mas não é o que acontece.
É essa postura que cria e alimenta o estigma. Penso que nunca tive muitos problemas, apesar de cuidar da minha intelectualidade, porque não me furto aos trabalhos duros da Igreja. Se é orar, vamos orar. Se é ensinar, vamos fazer isso com dedicação e profundidade. Evangelismo pessoal? Conte comigo. Ainda hoje esta é a minha postura como líder de duas congregações, e se não me desdobro mais é porque não posso.
Nos tempos de seminário, procurava buscar ao Senhor para estar cheio. Quando me davam oportunidade para pregar, me dispunha a ser usado por Deus. As pessoas olhavam e comentavam (alguns desses comentários chegavam a mim): Esse rapaz não faz teologia? Como prega cheio de unção!? Dessa forma quebrei resistências e não só isso, digo sem orgulho algum, porque toda honra é dada ao Senhor, levei inúmeras pessoas a estudar seguindo meu exemplo.
Agora entenda, não estou criticando seu post. Estou levantando uma vertente não explorada nele. Os intelectuais precisam entender que não se pode ausentar do chão da Igreja.
Abraços, e desculpe pelo texto enorme.
Irmão Valmir,
Concordo com o irmão quando diz que não acontece com frequência o fato que o Daladier comentou e eu também, mas penso que é uma realidade na maioria da vida dos que estudam teologia ou mesmo aqueles não frequentam um seminário mas pensam estar um pouco mais à frente de alguns em relação ao conhecimento bíblico.
Busquemos o equilíbrio entre a intelectualidade e fé.
Abraço.
Caro Pr. César Moisés,
Preliminarmente, parabenizo-o pela participação no XI Encontro para a Consciência Cristã, um dos maiores eventos sobre cosmovisão cristã no Brasil.
Sobre o tema em comento, também fico com as palavras de Bacon. A dicotomização levada a efeito dentro da comunidade cristã entre fé versus conhecimento produziu e ainda produz uma série de mazelas.
O argumento de que o conhecimento, invariavelmente, pode levar o cristão ao abandono da fé é baseado na falsa premissa de que o conhecimento – em si – é o resultado pelo desvio. De forma alguma. O problema não é a ciência, mas a falsa ciência, como advertia Colson. Por isso, o abandono somente acontece quando o cristão aceita de maneira acrítica e irreflexiva as chamadas vãs filosofias e esquece a vida devocional.
Por essa razão, defendo que a busca pelo conhecimento deve ser acompanhada por um olhar crítico e analítico, fazendo ponderações sobre os ensinamentos apresentados, e se possível, que busque apoio daqueles que possuem mais experiência no assunto. Por exemplo, antes de ler Marx, Nietzsche ou Dawkins é de bom tom que o cristão leia obras que apresentem contrapontos às ideias de tais pensadores, senão o resultado pode ser desastroso.
Por outra via, o desastre será ainda mais efetivo na medida em que a igreja se distanciar do estudo. Quanto mais longe estivermos da ciência, menos condições teremos de refutar as ideias anti-cristãs, bem como instruir aqueles que começam a caminhar pelo mundo do conhecimento. Por isso mesmo, precisamos de mais Lewis, Schaffers, Chersterstons, Colsons, Geremias e Césares…
Grande Abraço!
Caro Daladier,
Suas contribuições são boas e sempre pertinentes.
Você citou bem alguns exemplos que promovem, de fato, ainda mais o estigma negativo do crente intelectual. Concordo. Estigma é estigma. E esse é o xis da questão.
Por isso, acredito, não podemos observar o assunto somente pelo estereótipo, mas sim por aquilo que consideramos como ideal. Qual seria o ideal? Um crente sem cultura, mas que serve a Deus com fidelidade, ou um crente com cultura que também serve a Deus com fidelidade?
Acho que esse é o padrão de análise. Isso porque se a análise se basear somente em atos equivocados, então temos graves acusações contra ambos os lados, e a discussão jamais chegará ao fim.
Portanto, o que se advoga não é a elitização cultural da igreja cristã, mas sim, a liberdade para que o cristão possa estudar e buscar o conhecimento sem que sofra falsas acusações, buscando sempre glorificar o nome do Senhor Jesus.
Esse é o escopo.
É claro que no caminho pela busca do conhecimento muitos se perdem. Como escrevi no meu comentário ao Pr. César Moisés. Mas, como dizia Dostoyewski, o erro não está no caminho: “Se eu sair do caminho, não acuse o caminho, acuse a mim que o abandonei. O caminho é reto e perfeito. Eu sou quem me perco”.
Boa participação!
João,
Concordo com o irmão. O equilíbrio é parte essencial na vida de qualquer cristão. Sem ele nos tornamos fanáticos, no caso, ou para a intelectualização fria ou para a ignorância desnecessária.
Busquemos conhecimento, sim, mas com os olhos na Bíblia e com a fé em Cristo.
Abraço!
Infelizmente é um problema existente não só na igreja mas no meio secular também: O orgulho manifesto no desprezo pelos MAIS ignorantes (os que não estudam para com os que estudam), e também pelos MENOS ignorantes (os que estudam para com os que não estudam). O problema não está no aprendizado em si, mas no indivíduo que aprende ou deixa de aprender.
Acredito que a solução para esse tipo de problema esteja na pratica bíblica do amor que é o que, em outras palavras, Daladier, quiz dizer.
Gosto dos versículos que dizem: “E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber.” (1 Cor. 8.2); “E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento, Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo; Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.” (Fp. 1. 9-11).
Fica na paz!
Valmir,
voce tocou numa ferida escancarada em nosso meio. Na verdade o anti-intelectual esconde na sua ignorância a sua verdadeira natureza carnal de orgulho e soberba.
Inspirada matéria. Infelizmente esse atavismo ao piegas e a ignorância se faz visto até mesmo nas reuniões religiosas!
A falta de conhecimento sempre foi um grande problema.Devemos obedecer o que a Biblia diz:”Crescei na graça e no conhecimento…”Jesus crescia fisicamente e tambem em sabedoria Lc 2.40.Nada poderá afastar o servo do Senhor das verdades bíblicas quando o mesmo maneja bem a Palavra da verdade.Na escola secular ele poderá brilhar como uma tocha na escuridão, pois muitas são as oportunidades para falar do mestre Jesus.Na igreja,a teologia nos aproximará mais do Senhor e não devemos ser juízes de nossos irmãos.A teogia é uma benção para aqueles que querem conhecer e servir melhor a Deus,mas quando o cristão estuda para especular,criticar os outros, certamente a igreja terá problemas com esse crente.
Concluindo:muitos criticam os que buscam o conhecimento por não terem a garra e a coragem de buscá-lo ou pensam que já sabem demais.
“O entendimento,para aqueles que o possuem,é uma fonte de vida,mas a instrução dos tolos é a sua estultícia.”Pv 16.22
ao ler as palavras do autor deste blog e os comentários dos “convidados” não pude me esquivar da vontade de deixar umas palavrinhas…acho cinseramente que sempre houve e enquanto estiver-mos aqui na terra estas “pendengas” acontecerão, amo estudar a palavra, muito mesmo…linguas originais, geografia, história, exegese e seus derivados, entre outros estudos possiveis neste tão maravilhoso mundo da nossa querida Bíblia sagrada, porém hoje tenho visto em nossas congreções (interdenominacionais) tantos pregadores que parecem que nunca a leram…distorcendo tanto textos que por si só se explicam (regra máxima da hermeneutica) que me pergunto:”como sobrevivem estas pessoas que não acham correto examinar as escrituras, estudar num seminário, diante de tantas pregações fraudulentas?
como ter saude espiritual com este tipo de alimento?
irmãos, por favor,,,continuem a estudar, não, não é facil…mais vale a pena… os primeiros capitulos de Josué, Salmos capitulos primeiro entre outros textos mostram e ensinam de maneira soberba, maravilhosa e objetiva o que Jesus corrobora com autoridade e porque não dizer com amor:Mateus 22:29 Respondeu-lhes Jesus: Errais, não sabendo as Escrituras, nem o poder de Deus.(edição TB)
ou seja, escrituras = estudar a palavra, poder de Deus = oração e vida consagrada.
um abraço a todos
Deus continue lhes abençõando
Muito legal esse debate-rebate. Apenas desejo pontuar uma questão: Se Deus é onipotente, onisciente, onipresente e infinito, e considerando o homem, na sua limitação, apenas; potente, ciente e presente. É trivial concluir que: o homem é circunscrito geograficamente(presença local e temporal), é ciente, de alguma coisa socialmente acumulada(conhecimento peculiar e limitado de uma dada cultura), portanto – cognição circunscrita. Quanto à potência ou poder, sabemos que o homem é extremamente impotente diante da dor, da morte, de fenômenos naturais e etc. Em resumo, não temos a menor condição de envolvermos com os nossos recursos limitados o Deus ilimitado, assim como a circumferência menor não pode, matematicamente, circunscrever uma circunferência maior. Se assim é, qualquer teologia que se impõe sobre outra, alardeando que é superior e que sua abrangência é tal que tudo sabe a respeito de Deus e que as demais interpretações são falsas ou ridículas, ou está diante de uma idolatria ou arrogantemente diz: acabo de colocar Deus dentro do balaio de minha inteligência, e se assim for, então esse balaio é infinito e essa cognição teológica é o próprio Deus. Dá para acreditar nisso? Para mim, a grande Teologia se chama humildade.
Nos reportando ao ano 425dc, ano do Concílio de Niceia, Constantino e Licínio (o primeiro, imperador do Império Romano do Ocidente e o segundo, imperador do Império Romano do Oriente), em um acordo político-religioso, resolveram combater e perseguir os gnósticos(chamaram a gnose do outro de heresia). Queriam, portanto, impor uma só gnose (gnose, quer dizer: inteligência, interpretação), a suposta gnose verdadeira, curiosamente era a gnose deles, Constantino e Licínio e seus bispos-asseclas.
Pelo visto, a soma de todas as gnoses humanas, ainda assim, é inferior ao Deus Eterno e Arquiteto Infinito do universo. Posto isso, caro leitor, devemos ter a nossa gnose, isto é, a revelação que nos fora conquistada pela nossa inteligência e pela graça divina. Diga-se de passagem: que a estrutura básica da inteligência é genética e não uma conquista moral de cada um, que a outra parte é de mediação sócio-cultural e por último, uma pequena parte resulta do esforço pessoal de cada um. Por tudo isso, Jesus disse: não julgueis para não serdes julgados, por que com a medida com que medis também vos medirão. Não cabe ao ser humano, por mais cognição que tenha, não importando a sua geografia, sua etnia, sua cultura, sua riqueza, sua nacionalidade, seus
dons e talentos, se arvorar em separar o joio de trigo, porque isso, é muito pardal para o nosso arrozal. É necessário que o joio cresça no meio do trigo, somente o PAI, pode no tempo certo, fazer essa separação, disse JESUS. Assim sendo, posso não entender a cognição do outro, e por isso, não sou obrigado a aceitá-la, sendo contudo, obrigado a respeitá-la, se sou minimamente ético e religioso. Religião, é sobretudo ligar o diferente, por que o igual, já esta ligado, e dispensa religião.
Um abraço, caro leitor.
Parabéns por esse blog
Gostei muito do Texto, Tenho lutado contra esse tipo de coisas. Infelizmente muitas pessoas não criam bases fortes no ensino.
Muito se é cobrado dos irmão para ir a EBD, mas infelizmente não se olha o conteúdo que está sendo passo para as pessoas. Elas percebem que muita das vezes não é verdade biblica que está sendo ensinada, mas sim verdade própria da mente de quem a passa. Pega um texto aqui outro ali e cria a famosa “gororoba” de acordo com o pensamento do locutor e é transmitido. Muito complicado.