Já disseram que existem três tipos de escritores. Aqueles que não pensam para escrever; aqueles que pensam enquanto escrevem; e os que pensam para escrever. Creio que essa mesma classificação possa ser aplicada aos blogueiros.
Não há dúvidas de que a melhor espécie de blogueiro é aquele que reflete, lê, pesquisa e pondera sobre o post que haverá de publicar. Aliás, um dos aspectos positivos de se manter um blog é o fato de que ao fazer isso o blogueiro mantém sua mente em atividade constante.
O simples fato de escrever um artigo para publicação leva-nos ao raciocínio. Primeiro por meio da pesquisa e depois no momento do arranjo das idéias e no escalonamento das palavras. Blogar, então, é uma atividade intelectual. Conquanto o pensamento preceda ao post.
A leitura e a escrita são os duas principais atividades intelectuais. James Sire chama-as de hábitos da mente. A leitura abre ao leitor a possibilidade de uma viagem pelo universo do conhecimento, enquanto a escrita lhe proporciona a separação e a sistematização do conhecimento a fim de que outros participem deste mesmo universo.
Por muito tempo a publicação de artigos e ensaios na mídia era privilégio de uma quantidade pequena de pessoas que tinham lugar ao sol. Hoje, porém, qualquer pessoa é um escritorem potencial. A blogosfera proporcionou a qualquer um a possibilidade de tornar-se o seu próprio redator. Assim, não é preciso ser colunista de uma revista ou jornal para que a pessoa dedique-se à escrita. Hoje o blog é a revista e o jornal do seu criador, podendo inclusive servir como uma ferramenta de produção de conhecimento.
Como escreveu Octávio Ordunã (Blogs – Revolucionando os Meios de Comunicação),“Embora seja verdade que nem todos os conteúdos da blogosfera são escritos com esse objetivo, e que apenas alguns blogs conseguem isso, a possibilidade de criar e difundir conhecimento por meio de blogs é real, e há muitas pessoas apostando suas fichas nessa oportunidade”. Mas lembre-se, existem três tipos de blogueiros: Aqueles que não pensam para escrever; aqueles que pensam enquanto escrevem; e os que pensam para escrever.
Qual deles você é?
…
Ps. Por falar nisso, não se esqueça de visitar a UBE.
bom pra caramba! adorei
Prezado Dr. Valmir Milomem
Na entrevista que concedi à UBE (realizada, inclusive, pelo nobre companheiro), respondi algumas questões e, tendo em vista a importância da discussão ensejada por este post, acredito que seja oportuna a sua citação:
“7. Como o sr. avalia a qualidade dos blogs evangélicos atualmente?
Há que se reconhecer que existe uma diversidade muito grande entre os diários virtuais evangélicos. Acredito que a motivação é o que mais pesa no momento que alguém resolve expor suas idéias. O pensador mediano sabe ler as ‘entrelinhas’ e o que não está explícito. Temos blogs bons, mas, lamentavelmente, tem muita coisa esquisita por aí que revela muito mais da pessoa que o edita do que das idéias que estão sendo expostas”.
Acredito que tem gente que “pensa” e “arquiteta” (na verdade, premedita), muito bem o que quer dizer na blogosfera. Só que, como disse na entrevista, se esquece que os verdadeiros pensadores conseguem “ler” nas entrelinhas a verdadeira intenção da pessoa.
Um diário virtual é propriedade particular, entretanto, espera-se de um pensador cristão o compromisso com a verdade, a promoção do Reino (não a autopromoção), bem como a união entre os seus irmãos e companheiros de ofício. Isso claro, se o que está em pauta é o Reino e não o reinado particular e oligárquico da pessoa.
Tragicamente, assistimos um número sem conta de gente que continua a praticar o “egoísmo piedoso” (Sobre estes, escreveu o apóstolo Paulo a Timóteo: “tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se desses também”, 2Tm 3.5), sendo até mesmo contra quem usa o intelecto como se o ato de usá-lo fosse imcompatível com a fé cristã!
Infelizmente o povo tem a memória um pouco curta e se esquece fácil do que ouve ou lê. Com isso, tem gente que dizia uma coisa no início de suas postagens e agora dizem outra. Por que? Será que no início não pensavam para escrever e agora pensam, ou o contrário? É prezado Valmir, mudar o pensamento (no sentido de depurá-lo e crescermos) é legítimo, no entanto, por conveniência não dá para aceitar…
Boa discussão. Um abraço
Paz Valmir.
Recentemente me deparei com um texto meu postado em uma comunidade do ORKUT a respeito de um determinado pregador por quem sempre tive muita admiração por causa das mensagens e da ousadia com que enfrentava os poderosos da mídia, em especial aqueles que se opõem a verdade das Sagradas Escrituras.
Tempos depois esse mesmo pregador fez uso da poderosa ferramenta evangelística que tem em suas mãos (TV) para atacar companheiros ministeriais, numa atitude no mínimo questionável – pelo menos do ponto de vista da forma como foi feita.
Bem, a questão é: o que escrevi anteriormente escrevi e não pode ser revogado, afinal, tornou-se público e não tenho como negar.
Por outro lado, como bem salientou nosso prezado pastor e amigo Cezar Moisés, é lícito depurarmos nosso pensamento e, em casos mais específicos até revermos nossos conceitos.
É um dilema difícil de ser enfrentado pelos blogueiros.
Parabéns pelo post.
Prossigo para o Alvo… Fp. 3:14
Pr. César Moisés,
Creio sinceramente que foi o tempo em que os blogs eram simples diários virtuais. Hoje, são verdadeiros portfólios de ideias, onde os leitores não somente vislumbram mas também acompanham a forma de raciocinar do blogueiro. E nesse caso, como o irmão mesmo disse “um diário virtual é propriedade particular, entretanto, espera-se de um pensador cristão o compromisso com a verdade, a promoção do Reino (não a autopromoção)”.
Realmente, também nesse caso não é possível aceitar a existência da dicotomia público/privado, tão bem exposta pelo Schaeffer, afinal de contas, como cristãos, precisamos pensar muito bem naquilo que havemos de escrever, ainda mais aqueles que são capazes de influenciar seus leitores, porque alguns danos podem ser quase irreversíveis.
Erros, é claro, ocorrem com todos quantos lidam com a escrita. Entretanto, o equívoco reiterado e a mutação constante na abordagem e concepção ideológica demonstram a ausência de identidade do blogueiro, o que o leva pelos caminhos da conveniência.
Ótima contribuição.
Robson,
Creio que podemos mudar de idéia sobre determinados temas, é claro. Afinal, diz-se que os manicômios estão repletos de pessoas com idéias fixas.
O que não podemos é sempre escrevermos sem algum referencial, sempre mudando de visão sobre determinado assunto.
Entendo sua situação. E, por isso mesmo, como blogueiros, precisamos tomar muito cuidado sempre que escrevemos sobre pessoas, e não sobre suas idéias.
Como já escrevi aqui, não podemos ser fãs cegos de ninguém, antes, é preciso mantermos nossa independência e capacidade de analisar os fatos sem sermos levados pelo emocionalismo.
É o desafio de blogar.