Por
Valmir Nascimento Milomem Santos
Artigo publicado no Jornal Mensageiro da Paz – CPAD, Edição de Dezembro de 2008, n. 1.483, pg. 25.
A atual crise financeira pela qual passa os Estados Unidos trouxe à tona algumas verdades inconvenientes acerca daquela nação. Em meio aos problemas de ordem econômica que afligem a América, os americanos foram tomados por um certo temor. O medo do terrorismo deu lugar ao medo de uma possível recessão financeira. E pela forma como a questão vem sendo tratada, perder dinheiro é pior do que perder a própria vida. Prova disso é que líderes religiosos do distrito financeiro de Wall Street, em Nova York, revelaram que em meio à crise, o número de pessoas presentes nas liturgias aumentou consideravelmente; principalmente de executivos, homens de negócio e investidores das bolsas de valores.
Percebe-se que o medo, em alta velocidade, atravessou as linhas continentais. O primeiro-ministro da França, François Fillon, em tom escatológico chegou a afirmar que o mundo está “à beira do abismo”, afetado pela crise financeira global que agora ameaça a indústria, o comércio e o trabalho em todo mundo. A questão é que, quer queira ou não, os problemas internos de ordem econômica que afetam a terra do “Tio Sam” também produzem estilhaços nos outros países, isso porque no mundo de economia globalizada em que vivemos, os “seus problemas são o meus problemas”. No Brasil, por exemplo, o discurso proferido pelo Presidente Lula, de que o Brasil não seria afetado pela crise americana não foi suficiente para conter a queda dos índices da Bolsa de Valores. Afinal, nesse contexto, ninguém está blindado.
O início e a mudança do sonho
As verdades inconvenientes reveladas pela crise americana tem como principal pano de fundo o chamado “sonho americano”, o mesmo que o Senador Barack Obama, em seu discurso de oficialização de candidatura à Presidência dos Estados Unidos, prometeu manter vivo no século XXI.
Originalmente, esse sonho foi concebido como a visão de um país onde a liberdade, a igualdade e a força do trabalho seriam os fundamentos para a sociedade; onde todos teriam condições e oportunidades de alcançar a prosperidade material, sem distinção de classe, religião ou raça. O sonho americano, portanto, foi germinado nos princípios da fé cristã, assim como a própria história da nação, defendendo a liberdade individual e o respeito pelos direitos fundamentais do homem, onde todos deveriam ser abençoados.
Entretanto, com o apogeu da América e toda sua exuberância econômica, o pensamento do sucesso e de aquisição material foi entronizado no modo de vida dos americanos de maneira que a busca primordial passou a ser empregos bem remunerados, casas suntuosas e veículos de alto custo. Esse estilo de vivência arraigou-se tão fortemente à cultura americana que a política financeira de concessão de crédito se amoldou à ostentação, com a criação de formas de pagamento longos e hipotecas fáceis. Esse era portanto o novo “sonho americano”. Com isso, parar tornar o sonho em realidade, as famílias contraíam dívidas e mais dívidas. Casas hipotecadas, veículos financiados e bens penhorados era (e é) a receita mais fácil para demonstrar para toda a sociedade que as coisam vão bem e que o sucesso foi alcançado, mesmo que somente na aparência.
A busca individualista
O “sonho americano” com o tempo pendeu bruscamente para o lado da prosperidade e para o egoísmo (II Tm. 3.1). Eis aí a primeira verdade inconveniente: o sonho americano atual é mais uma tresloucada busca individualista de bens materiais do que um pensamento fraternal de melhoria coletiva. A preocupação do americano com a crise econômica emergente não se dá, portanto, em virtude da idéia de que a nação está sendo atinginda, mas sim porque o poder de compra dele próprio será afetado, e se algo não for feito, em pouco tempo ele não terá condições de manter a sua qualidade de vida.
O grande problema desse novo sonho americano é depositar todas as esperanças na prosperidade e nos bens materiais. Quando os índices financeiros não vão bem e a inflação aumenta o indivíduo percebe que toda a sua existência está ancorada naquilo que perece. Toda a sua razão de existir está tão atrelada ao que ele possui que o martírio dá perda tira o seu sono e principalmente sua paz.
A Bíblia não censura a riqueza e a prosperidade; entretanto, ela adverte contra a busca dessas coisas como um fim em si mesmo, ou o uso da opressão e da crueldade como uma maneira para obtê-las. Paulo alertou que o – amor – ao dinheiro é a raiz de todos os males (I Tm. 6.10). Jesus afirmou que o homem rico que tinha produzido com abundância, e que pensava somente nos depósito de bens materiais, comer, beber e folgar, nos final de sua vida Deus perguntaria a ele: “Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc.12.20). Por essa razão as Escrituras deixam claro que não podemos confiar em outra coisa, a não ser em Deus, pois Ele nunca falha, ou baixa a cotação (Sl. 20.7).
Legal. Lembrei de um provérbio… se vc tiver algum comentário sobre ele e quizer me ajudar estou procurando.
“7 Eu te peço, ó Deus, que me dês duas coisas antes de eu morrer: 8 não me deixes mentir e não me deixes ficar nem rico nem pobre. Dá-me somente o alimento que preciso para viver. 9 Porque, se eu tiver mais do que o necessário, poderei dizer que não preciso de ti. E, se eu ficar pobre, poderei roubar e assim envergonharei o teu nome, ó meu Deus”. Pv 30.7-9
Um grande abraço.