ABORTO É ABORTO!


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Nesta semana Diogo Mainardi escreveu o texto “Uma aborto é igual ao outro”.

Ele começa dizendo que Sarah Palin, a vice do Partido Republicano nos EUA, tem um recém-nascido que é Down, que se chama Trig. Sarah ficou sabendo que Trig era portador de síndrome de Down durante a gravidez. “Em vez de abortá-lo, foi adiante com a gravidez mesmo assim”.

Diogo escreve que “Sarah Palin é contrária ao aborto. Me incomoda um tantinho que seus partidários e opositores sempre associem Trig a esse fato. Ter a síndrome de Down parece qualificá-lo automaticamente para um aborto. Os partidários de Sarah Palin interpretam a escolha de ter parido Trig como um sinal de grandeza. Seus opositores a interpretam como um sinal de obtusidade religiosa. Mas abortar Trig teria sido igual a abortar Track, ou Bristol, ou Piper, ou Willow. Um aborto é igual ao outro“.

Mainardi, como ele próprio diz, entende do assunto. Quando sua esposa foi ter o seu primeiro filho, “Tito”, fez todos os exames pré-natais necessários. O colunista escreve que “naquele tempo, eu era um palerma, e o teria abortado até mesmo se seu ultra-som mostrasse algo simples como um pé chato. Na hora do parto, devido a uma barbeiragem médica, Tito sofreu uma paralisia cerebral. Isso mudou tudo. Eu mudei. Quando decidimos ter outro filho – Nico -, perguntei-me se o abortaria caso os testes pré-natais indicassem alguma anomalia, por mais séria que fosse. A resposta: jamais. Jamais? Jamais.”

Mainardi mudou de idéia. Após entender o valor de um filho e de uma vida ele percebeu que o aborto não seria a melhor saída para o caso. Após o contato, a vivência e o sentimento de afeto com aquele que saiu de dentro de si ele entendeu que uma vida possui valor imensurável.

Ele ainda denuncia que “o nazismo matou mais de 70 000 deficientes físicos e mentais nas câmaras de gás. Os princípios da SS vingaram. Agora os testes pré-natais permitem determinar quem pode viver e quem pode morrer. É um Aktion 14F13 intra-uterino”.

Eis aí o problema. A idéia por traz da liberação do aborto de anencéfalos que hoje se debate no STF tem o mesmo fundamento defendido por Hitler: somente os fortes sobrevivem. A idéia da raça ariana e da construção de um povo forte e invencível é agora trazido à tona pelo Ministro Temporão e seus correligionários. Eles argumentam que a sociedade não precisa se preocupar, pois, os diagnósticos são tão precisos que somente serão abortados aqueles que precisam ser abortados, ou seja, os fracos, doentes e indesejáveis para a sociedade.

Essa é uma idéia eminentemente imbecíl e evolucionista; e aqui nós voltamos a dizer que as cosmovisões têm consequencias práticas. Se acreditamos que somos frutos do acaso, obra da evolução, em que somente sobrevivem os mais fortes; então, podemos defender o aborto dos anencéfalos, sem qualquer tipo de análise do ponto de vista ético. Mas, por outro lado, se acreditamos que somos obras de um Criador, feitos segundo a sua imagem, conforme a sua semelhança, nesse caso, não há como apoiar qualquer tipo de aborto, afinal, um aborto é igual ao outro, e implica atentado contra a própria vida, criatura de Deus.

Tenho por certo que a aprovação do aborto de anencenfalos abrirá caminho para todo tipo de atrocidades contra os nascituros. Em pouco tempo, o defeito congênito de cérebro não será a única possibilidade (médica) de retirada do feto, pelo contrário, todo tipo de defeito que for verificado na criança dará azo à sua “invalidez”. Portadores da Síndrome de Down, infelizmente, entrarão na mira dos abortistas.

O que me intriga é que, no final do texto, Mainardi escreve: “O aborto é uma escolha puramente pessoal. Todos deveriam ser livres para fazer o que bem entendem. É uma estupidez legislar demais sobre o tema. O STF, em meio aos grampos, julga os casos de aborto de anencéfalos, mas o fato é que, no Brasil, qualquer um que queira abortar, aborta, na vigésima ou na 39ª semana de gravidez. O que é moralmente repugnante é o conceito de que alguns merecem ser abortados mais do que outros. Trig. Tito. Ivan.”

Vai entender o Mainardi. No texto ele defende que um aborto é igual ao outro, e, na conclusão, diz que “o aborto é uma escolha puramente pessoal”, e que “o que é moralmente repugnante é o conceito de que alguns merecem ser abortados mais do que outros”. Na visão jurídica, diria-se que a narração dos fatos não decorreu logicamente o pedido. Esse é um tipo de oxímoro ideológico, onde se acredita em algo, mas mesmo assim, entende-se que esse mesmo pensamento pode ser contrariado. Ora, se é moralmente repugnante a diferença entre aqueles que merecem ser abortados, é também repugnante a própria idéia de aborto. Pois, o fato principal do asco, não é exatamente a diferença de tratamento, mas o motivo pelo se faz a distinção, no caso o aborto.

www.comoviveremos.com

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4 comentários

  1. Caro Valmir,

    Prometi dar sequência ao assunto da audiência do STF. Pois bem, aproveito esse espaço para informar aos leitores deste blog que o representante da CGADB não leu o posicionamento da AD no dia 4 de setembro nem na audiência do STF nem no Congresso Nacional porque o STF anunciou que vai ter outra audiência na semana que vem, ocasião em que, conforme fui informado pelos irmãos de Brasília, o texto será lido. Como o tempo da última audiência foi extrapolado e mesmo assim não deu tempo de todos os inscritos participarem, o STF marcou a quarta audiência, se não me falha a memória, para o dia 16 de setembro. Segundo fui informado, a participação da CGADB nessa próxima audiência está confirmadíssima.

    Sobre o Mainardi, li o texto dele e o que notei é que ele demostrou realmente uma pequena mudança no seu discurso sobre o aborto. Você deve se lembrar que o Mainardi já usou a sua coluna pelo menos umas duas vezes para dizer que é a favor da legalização do aborto e ponto. Agora, ele disse que, pessoalmente, nunca mandaria abortar um filho dele, mas que continua a favor do “direito” de quem quiser abortar fazê-lo. Ora, essa colocação de Mainardi, de que seja qual for o problema que o seu filho tivesse, “jamais” o mandaria ser abortado, vindo de um forte defensor do aborto como ele, foi, sem dúvida, uma das grandes surpresas dessa semana na “Veja”. Aliás, o Reinaldo Azevedo, outro colunista de “Veja” e totalmente anti-aborto, chegou ao ponto de dizer em seu bloig que ficou emocionado ao ler o texto do Mainardi e ligou para ele só para parabenizá-lo.

    Mainardi, obviamente, não quis demonstrar incoerência com o que já tinha defendido antes, mas, sem querer ou não, acabou relativizando seu posicionamento ao dizer que para ele, abortar jamais. É verdade que alguém pode usar esse novo discurso dele para dizer “Tá vendo! Ele é pessoal e totalmente contra o aborto, mas não impõe sua posição sobre todos. Por que vocês nçao fazem o mesmo?” Porém, também se pode dizer: “Se sabe-se que algo é errado, por que não lutar para coibir que esse erro seja promovido em grande escala, ainda mais que estamos falando de um erro que envolve vidas, assassinato de vidas?”

    Abraços!

  2. Silas,

    Essa notícia é realmente excelente. Acho que a CGADB poderá, na oportunidade, apresentar o posicionamento da igreja evangélica brasileira, de visão ortodoxa.

    Quanto ao texto do Mainardi, realmente, você tocou no ponto fundamental. Ele já havia colocado o seu posicionamento de que o aborto deveria ser validado, pronto e acabou; mas agora a situação é diferente. Ele tem filhos. Ele viu e experimentou o amor por uma criança que nasce, cresce, e tem necessidades. Isso é a vida.

    O problema é que ele ainda continua a demonstrar a separação entre o público e o privado, como diz Colson e Pearcey. Ou seja, ele não concorda com o aborto. Inclusive, não o faria. Dando a entender que acha uma conduta inaceitável. Entretanto, pouco se importa se isso seja aprovado por lei ou em decisão do STF; onde o que mais vale é a escolha da mãe. Isso é um enorme paradoxo, e nem mesmo esses intelectuais percebem quão absurdos sãos as declarações deles.

    Eu não havia lido o post do Reinaldo Azevedo. Como sempre, mto bom.

  3. Olá!

    Acho que o Mainardi tem um posicionamento pessoal acerca do assunto, mas isso não precisa ser estendido à sua posição política diante do mesmo assunto. Obviamente que é desejável que todos fossem coerentes e fizessem escolhas pessoais conforme princípios éticos e políticos gerais, mas não é sempre assim.

    E defendo o direito do Mainardi a ser incoerente entre as esferas pessoal e política, embora eu esperasse pessoalmente dele um posicionamento único.

    Fazer o que? As pessoas têm direito também à incoerência…

    Abraço!

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