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Das quatro mais importantes revistas semanais de informação, com circulação nacional, três trazem matéria de capa ligada direta ou indiretamente à religião. Na Carta Capital, o destaque é o que foi chamado pelos redatores de uma “disputa no reino de Deus”. Refere-se a uma nova igreja que, segundo a revista, vem concorrer com a Universal. “Formada por ex-integrantes da Universal, a Igreja Mundial arrebanha fiéis e amplia seu espaço na tevê”. Trata-se da Igreja Mundial do Poder de Deus, “uma espécie de dissidência da Universal” que “cresce vertiginosamente como a sua principal concorrente” e comprou 22 horas diárias do Canal 21, da Rede Bandeirantes de Televisão.
Na revista Época, a matéria de capa é: “Jesus vai à escola”, sobre o ensino religioso que ganha espaço na rede pública. A revista busca respostas para a seguinte pergunta: “É possível conciliar o ensino religioso com a opção espiritual de cada família?” E, na Veja, a matéria especial trata do tema: “O dilema entre o perdão e a vingança. A luta entre a sabedoria que leva à reconciliação e o desejo de retaliar é mais antiga que a civilização e continua sendo travada nos dias atuais. A lição da história é que foi através do perdão que a humanidade conseguiu interromper as espirais de violência provocadas pela vingança”.
Uma leitora de Época, Laura, de Campo Grande, MS, reclamou do conteúdo da matéria e também lembrou outras publicadas recentemente sobre religião que considerou “tendenciosas”. A revista publicou o comentário na Internet:
“Quanta crítica aos evangélicos e católicos por essa revista. Fico extremamente triste em estar lendo uma revista de repercussão nacional, o qual tem inserido vários assuntos a respeito de religião… isso será uma perseguição religiosa aos evangélicos e aos católicos? Estou sentindo isso mesmo da parte de vocês. São três reportagens só essa semana querendo detonar evangélicos e católicos. Será uma perseguição ao Cristianismo? Li a reportagem sobre “Filhos sem Deus”, a outra sobre os “anencéfalos”, agora “Jesus vai à escola”. Perceberam que vocês estão colocando a reportagem de maneira tendenciosa? Vocês estão provocando uma guerra religiosa no País? (…) Por que vocês não fazem uma reportagem mostrando o lado bom do Cristianismo, heim? Por que vocês não vão às igrejas evangélicas colher depoimentos de pessoas que tiveram filhos livres das drogas, da Aids, da violência, de famílias que foram restauradas, de vidas que estão livres de bebidas e tudo quanto é lixo que o mundo oferece, dizendo que é alegria, paz, é isso? Vocês deveriam agradecer os evangélicos que adentram morros, favelas, hospitais oferecendo uma mão amiga, oferecendo apoio quando todos já se foram, quando todas as esperanças foram dissolvidas (…). Falem o lado bom do Evangelho de Jesus, parem com perseguição, oka?!
Outro leitor aprovou a matéria crítica ao ensino religioso: Vagno Fernandes, de São Paulo, SP, defendeu o Estado Laico: “A maioria dos brasileiros não sabe o significado de um estado laico – país desprovido de influência religiosa. Sendo assim, deveríamos tomar cuidado com essas vertentes religiosas que tendem a criar narrativas mestras – discursos que mantém um único foco de entendimento. Propor fundamentos religiosos nas escolas é criar, posteriormente, estados religiosos. O que seria um retrocesso na formação de nosso país que já possui atrasos em seu presente”.
Fonte: Agência Soma
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Gostaria de tecer alguns comentários sobre “Estado Laico” e ensino religioso nas escolas.
Até quanto um estado pode ser laico se seus cidadãos são religiosos? Eis a questão.
Em alguns países muçulmanos, a letra da lei pode ser qualquer uma, mas no cotidiano, na realidade o sistema religioso dita as regras e a lei finge que não vê. É a força do monopólio religioso em ação. O país pode até se autodenominar “laico”, mas de fato não é isto que acontece.
Há dois séculos a comunidade científica arrojou de si certos dogmas e propriedade da verdade do catolicismo romano. Engraçado, hoje quem se tornou reacionário e tenta monopolizar o “monopólio da verdade” é a comunidade científica. Embora o faça em menor grau, desconfio de que houve uma troca de seis por meia dúzia.
Se não vejamos: não sei se por medo ou por presunção, hoje, tudo que vem da ciência é “verdadeiro” e tudo que a Igreja diz é a “essência” do atraso. Se a “ciência” desconfia da religião, a recíproca também é verdadeira.
E aí?
Quanto ao ensino religioso nas escolas, passo a comentar minha formação pessoal.
Aos meus tempos de 6ª e 7ª séries do que hoje chamamos de ensino fundamental, chegou um diretor novo à uma pequena cidade do interior. Ele era advogado e presbiteriano. Tínhamos de quatro a cinco horas de aulas. No intervalo, meia hora de ensino religioso tanto para o ensino fundamental quanto para as moças do magistério. Não na Igreja presbiteriana, nem na sede do colégio – mas no Salão paraquial da Igreja Católica.
Lembro certa vez, que o diretor fez um estudo de duas semanas sobre a vida de Paulo. Ao final das duas semanas ofereceu-se um concurso de perguntas e respostas sobre a vida de Paulo. Quem ganhou o concurso foi um aluna católica, do magistério.
Embora naquela época os católicos do município fossem talvez 98% das pessoas, havia o maior respeito pelo trabalho do diretor, e ele não ensinava sobre diferenças religiosas, nem credos religiosos. Todos gostavam.
O que não pode, e vem acontecendo, é que com a desculpa de país laico, crianças e adolescentes não saibam nada de ética, moral e respeito tanto às pessoas quanto à natureza. O país está extremamente corrupto e esta corrupção inverteu todos os valores morais conhecidos. Honestidade hoje é motivo de escárnio.
A maioria dos brasileiros é religiosa, a minoria é anti-religiosa, porém muito organizada politicamente. Não quero o que de mais atrasado existe para formação das crianças brasileiras, porém o que é o atraso? Vejo uma minoria empurrando goela abaixo de toda a sociedade que escola não é lugar de religião, mas de outra coisa:
pior que a religião e que não deu certo: o ensino de dialética materialista! Saiu Deuz e entrou Marx.
E a maioria continua calada.
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João,
Ótimo comentário.
A questão é que atualmente tentam transformar a laicidade em laicismo. Laicidade é a separação entre Estado e Igreja, já o laicismo é a tentativa de retirar qualquer opinião religiosa da esfera pública. Ora, uma cultura leva em consideraçào a religiosidade, então, querer tirar a opinião religiosa das questões sociais é o mesmo que retirar um pouco da cultura.
Em Cristo
Concordo com as colocações do pastor João cruzué e as sua irmão valmir…infelizmente o que existe hojeé uma tirania de minoria. Que deve ser combatida. é necessário um maior enganjamento por nossa parte na sociedade para combater este mal.
Ola Valmir!!
Gde prazer em conhecê-lo.
Realmente existem muitos interesses por trás de matérias como estas. Certa vez encaminhei um email a revista Veja, criticando a postura “descompromissada”de uma jornalista ao falar do criacionismo nas escolas e mencionar que tal ensino se faz ultrapassado e retrógrado.
A repercussão??
Nenhuma. Meu email simplesmente não foi publicado.
Mas pelo menos na grande rede, ainda podemos publicar sobre todo o que temos visto e ouvido.
Gde abraço em Cristo