Segundo notíciou o Consultor Jurídico a juíza Adriana Sette da Rocha, aquela que havia proferido a sentença onde se considerava superior aos demais, pediu desculpas após analisar o teor da sua própria sentença.
Eis a nota da magistrada:
“AOS MEUS COLEGAS, AMIGOS E AO PÚBLICO EM GERAL
A propósito de matérias sobre mim publicadas na semana em curso, em vários órgãos da imprensa nacional: confesso que fui infeliz nos exórdios de algumas sentenças proferidas na Vara da Justiça do Trabalho de Santa Rita-PB, da qual sou titular. Neles, repeti conceitos errôneos, despropositados sobre a natureza da magistratura, de que desejo aqui me retratar.
A missão entregue ao juiz é, de fato, sublime. Tanto que o próprio Mestre aconselhou: “não julgueis”, como se quisesse advertir que do julgar ninguém seria digno o bastante. No entanto, os homens precisam de Justiça e pedem por Justiça. E assim, a tarefa sublime acaba em mãos humanas, como as minhas, as dos meus pares. E homens, quando julgam homens, não estão livres das limitações de saber e de entendimento, dos defeitos de linguagem e dos vícios de sentimento inerentes à condição humana. Daí o risco sempre iminente do erro. Este é o drama do julgador (e o presente episódio constitui dentro dele um capítulo pessoal particularmente doloroso). E isso, o que eu decerto teria escrito, num momento de maior felicidade.
De coração, peço desculpas àqueles a quem eu ofendi com minhas palavras. Conforta-me apenas o fato de que, em nenhuma das matérias do meu conhecimento, tenha sido questionada a lisura das sentenças que dei.
Santa Rita-PB, 22 de novembro de 2007.
Adriana Sette da Rocha Raposo”
João Pessoa, 24 de novembro de 2007.
Associação dos Magistrados do Trabalho da 13ª Região
Portanto, a magistrada reconheceu o seu erro e de forma sábia pediu desculpas pelo acontecido. Atitude nobre por parte da juíza, que, em tempo, voltou atráz em seu posicionamento verificando que todos são iguais perante a lei, e que ninguém é superior ao outro, nem mesmo juízes.
Se há poucos magistrados em nosso país que se preocupam não apenas ter o título de Excelência, mas agir com “excelência” na profissão, mais raro ainda, uma confissão pública de um erro e a preocupação com o dano que isto poderia ter causado a uma sentença. Quando se erra na vida pública, devemos ser confrontados; não importa em qual nível ou poder estejamos. Entretanto, o pedido de desculpas, principalmente da forma que foi feita, também não pode ser relegado a segundo plano. Isto sim nos faz “grandes” aos olhos dos Homens e principalmente aos olhos de Deus, pois a este não serve títulos ou togas, mas sim, como diz a bíblia: ele vê o coração do Homem. Parabéns, EXCELÊNCIA, por se desculpar de coração…Não é vergonha. Isto é crescimento e alegra a Deus.