FREI GALVÃO: O primeiro santo brasileiro?


[Por Valmir Nascimento]

A Igreja católica no Brasil está vibrante e eufórica nos últimos dias. Tal vibração tem como motivo a iminente canonização de frei Galvão em missa que será celebrada pelo Papa Bento XVI no dia 11 maio de 2007.

Trata-se de um acontecimento de natureza histórica, pois será a consagração do primeiro santo católico essencialmente brasileiro, bem como ainda, a primeira vez que o atual Sumo pontífice da Igreja romana desembarcará em terras brasileiras.

Para ser consagrado como santo, a vida de frei Galvão foi posta à prova em um processo de canonização, sendo nomeada uma espécie de advogada para o postulador, no caso a freira Célia Cadorin, responsável por providenciar documentos e testemunhos que, enviados a Roma, deveriam provar que o candidato (ao título de santo) preenchia os dois requisitos exigidos pelo Vaticano para ser alçado ao panteão do santos católicos: ter levado uma vida virtuosa e realizado, ao menos, dois milagres – reconhecidos pela Igreja e pela ciência.

Entre os testemunhos, segundo consta, duas curas foram atestadas pela comissão médica do Vaticano para reconhecer a “santidade” de frei Galvão. A primeira, da menina Daniela Cristina da Silva portadora de hepatite aguda, caso que elevou o franciscano à categoria de beato. E, a segunda, da paulista Sandra Grossi de Almeida, que por causa da má-formação do útero teve vários abortos espontâneos. Porém, conforme se relata, após ingerir três pílulas milagrosas de frei Galvão (minúsculos pedacinhos de papel enrolados com a oração do religioso) a mesma recebeu a cura, e então, veio a conceber o seu filho Enzo.

Santo, segundo a Igreja católica

Na tradição religiosa da Igreja Católica Apostólica Romana para chegar a receber o titulo de santo a pessoa precisa passar por quatro fases distintas.

A primeira, se dá com a indicação da pessoa pelo bispo da diocese em que ela viveu, cinco anos após a sua morte, ocasião em que recebe o status de servo de Deus.

Na segunda fase deve-se provar a teólogos, historiadores e cardeais do Vaticano que o candidato viveu de forma exemplar as virtudes cristãs ou que morreu em defesa da fé. Se as virtudes ou o martírio forem comprovados, o candidato ganha o título de venerável.

Na terceira e última fase, os mártires só precisam aguardar os tramites burocráticos para, em seguida, ser nomeados beatos, sendo que os demais ainda precisam provar que realizaram um milagre. Na última fase, para o beato adquirir a condição de santo, é necessário que se comprove que ele realizou um segundo milagre – e que esse milagre tenha ocorrido após a sua beatificação.

Nesse ponto, a pergunta que se importa fazer é a seguinte: a forma como a tradição católica considera o santo e a santidade possuem base bíblica? Vejamos:

A maneira como a Igreja católica situa a figura dos santos em sua liturgia está em completa desconformidade com os preceitos bíblicos. Apesar de defenderem que os santos são somente modelos a serem seguidos pelos fiéis, a história e a prática por outro lado caminham em sentido contrário, demonstrando-se eles como verdadeiros ídolos, deuses com “d” minúsculo, tencionando com isso serem mediadores entre Deus e o homem. Isso é perfeitamente percebido na forma como lhes prestam cultos e lhes dirigem orações.

A Palavra de Deus, entanto, é enfática, cujos comentários são desnecessários. Deus disse: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” Ex. 203,4. Disse Jesus; “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”. Jo. 14.6. Escreveu Paulo: “Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” I Tim. 2:5.

Santidade, segundo a Bíblia

No Antigo Testamento o termo hebraico para santo – Qadash – parte de um conceito primitivo de separação ou remoção do sagrado do profano. Deus tomou a palavra e usou-a para descrever muitas coisas e atividades separadas para adoração.

O santo lugar, por exemplo (Êxodo 28:43; 29:30), era separado dos lugares comuns para propósitos de adoração. Outras vezes é usado para descrever uma característica. O nome de Deus é literalmente expresso “meu santo nome” (Levítico 20:3; 22:2).

Freqüentemente, o termo é usado como verbo. “Santificar” uma coisa é “consagrá-la”, ou separá-la do comum. Deus “santificou” o altar (Êxodo 29:29), o Templo (1 Reis 8:64), pessoas (Êxodo 19:10, 14) e lugares (Êxodo 19:23).

Tanto no Antigo como no Novo Testamento Deus requer de seus filhos que sejamos santos. Ele disse aos israelitas, “Eu sou o Senhor vosso Deus; portanto vós vos consagrareis, e sereis santos, porque eu sou santo” (Levítico 11:44). Pedro da mesma forma faz referência a essa passagem (1 Pedro 1:16), e vai ainda mais longe: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” v. 15.

O propósito de Deus nesse chamado à santidade, portanto, é que façamos juz ao fato de sermos imagem e semelhança Dele. Significa entre outras coisas, que fomos feitos para espelhar e refletir o caráter de Deus. Fomos criados para luzir para o mundo a santidade de Deus. Este era a e é a principal finalidade do homem, a verdadeira razão para sua existência.

Biblicamente a santidade não é considerada como um estado inerte em que as pessoas chegam a alcançar e, então, estacionam. Pelo contrário, a santidade constitui-se num processo de desenvolvimento na vida daqueles que tiveram um encontro com o Senhor Jesus e o aceitaram como Salvador.

Nesse sentido, a santidade surge em nossas vidas após a justificação, o ato divino que nos torna justos perante o Criador, e a regeneração, que é o novo nascimento promovido pelo Espirito Santo. Desta forma, a santidade é fruto da salvação e não um meio de se chegar até ela. Em diversas ocasiões, inclusive, os cristãos são chamados de santos (Rm. 1.7, 12.13, Cl. 1.12, Jd. 1.3), posto que ao aceitarem a Cristo começaram uma peregrinação rumo à plena santidade, até chegarem à estatura completa de Cristo (Ef. 4.13).

No entanto, há quem pense que a santidade seja algo utópico, dizendo impossível de se alcançar. Sobre isso devemos considerar que não podemos persegui-la por esforços puramente humanos.
Afinal, Deus despreza qualquer ação que se estriba meramente no homem com vista à santidade. Despreza todo livro, todo sermão, toda doutrina que chama as pessoas à santidade através de regras e tradições produzidas pelo homem.

Por outro lado, assim como a salvação, a verdadeira santidade caracteriza-se por um ato de entrega e de confiança no amor e na provisão de Deus. A verdadeira santidade se expressa por meio do revestimento de Cristo. Aquele que é santo se torna, a cada dia, mais parecido com Jesus. Enfim, o verdadeiro santo, é aquele que recebe a graça divina e vive nela constantemente. E o melhor, não precisa de processo de canonização. É instantâneo!

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9 comentários

  1. Pz do Sr.
    Valeu pelo texto. Ficou muito bom, foi bem aceito pelos leitores do jornal.
    Te mando um exemplar em breve.

    Até. Fica na paz.
    Na próxima edição o espaço está aberto para vc.

  2. Faz 3 anos que eu,considero frei galvao um santo!
    Ate hoje eu rezo 10 vezes pra ele,e fco 30 sinal da cruz.estou espalhando o nome dele no pc,pra tds meus amigos.
    Espero que outro(a) santa seja reconhecida eu tbm rezo pra ela e,santa paulina.
    QUE TDS FIQUEM COM A BENCAO
    DOS DOIS.

  3. Se devemos, como diz o preceito divino, orar e interceder uns pelos nesta vida ainda de pecados e longe de nossa Pátria definitiva. Quanto mais os que foram modelos de fé aqui, e agora gozam da Vida Eterna, não podem interceder mais eficazmente na presença do Senhor. É o SR quem salva somente, porém Ele sempre quiz contar conosco para realizar seu plano de amor neste mundo. Somos “servos inúteis”. DEUS PRECISA DE NÓS MUITO MAIS DO QUE NÓS DELE, pois de tanto amor que nos Têm, deixou-nos o livre-arbítrio.
    Não fechemos o coração julgando a beatificação de Seus servos pela Igreja Católica, mas tome-mo-los como modelo de fé e santidade para nossas vidas. Deus quer de nós o coração por completo e não o nosso entendimento, pois o Entendimento verdadeiro é Ele quem dá pela efusão do Espírito Santo a quem o deseja com sinceridade. O SR nos deixou bem claro: “SEDE SANTOS, POIS EU SOU SANTO!” .

  4. Como o Papa João Paulo II disse uma vez o Brasil não precisa de Santos, o Brasil precisa de homens (e pastores) Santos.

  5. Em atos 14 dois santos (verdadeiros)Paulo e Barnabé curam um coxo.A multidão cega,supersticiosa e desconhecedora das sagradas escrituras(seriam católicos?),tentam adorá-los(venerá-los?)e os dois santos(santificados por Jesus)rejeitam veementemente tal “manifestação de fé” conduzindo a fé daquelas pessoas para o verdadeiro alvo dela:Deus.Se eles vivos rejeitaram tal prática,imagine depois de mortos…

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