Não somos ilhas


Por Marcos Guimaraes

O poeta cristão John Donne citado por Charles Colson, escreveu – “Nenhum homem é uma ilha”. Esta reflexão nos remete, segundo Colson, a um dos grandes mitos dos nossos dias, o de que nós somos ilhas – que as nossas decisões são pessoais e que ninguém tem o direito de nos dizer o que fazer nas nossas vidas particulares.

A sociedade pós-moderna parece evidenciar exatamente este pensamento. Colson reitera que nos esquecemos facilmente de que cada decisão particular contribui para o ambiente moral e cultural em que vivemos, propagando-se em círculos cada vez maiores. Primeiramente, na nossa vida pessoal e familiar, e depois na sociedade como um todo.

Os resultados de decisões egoístas são desastrosos. Vejamos o caso da revolução sexual, a partir daí surgiu o ímpeto por relacionamentos sexuais fora do casamento, responsáveis pela disseminação de doenças sexualmente transmissíveis, pelo crescente número de abortos e filhos criados em lares sem pai. A promiscuidade homossexual e a prostituição levaram milhares de pessoas à morte por intermédio da AIDS. Mesmo diante deste cenário, e por mais que se passaram quatro décadas, a atividade sexual continua sendo uma decisão de “cada um”.

O escritor C. Colson faz referência em seu livro “O cristão na cultura de hoje” que pesquisas realizadas nos Estados Unidos revelaram que até 70% de todas as doenças são resultado das escolhas do modo de vida. As pessoas sabem que deveriam deixar de fumar, deixar de comer alimentos sem valor nutritivo, e fazer exercícios regularmente. Mas quantos dão estes passos básicos de cuidado preventivo? E quando os seus hábitos não salutares lhes dão uma doença cardíaca, ou câncer de pulmão, eles esperam que o seguro saúde ou o governo os proteja das conseqüências dos seus próprios maus hábitos. Hedonisticamente falando, o prazer do indivíduo está acima do que isto possa significar para a sociedade.

A realidade é que o ser humano quer ser dono de si mesmo. Na concepção do escritor C.S. Lewis essa foi a idéia que Satanás colocou na cabeça dos nossos ancestrais – de que poderiam “ser como deuses” – poderiam bastar-se a si mesmos como se fossem seus próprios criadores; poderiam ser senhores de si mesmos e inventar um tipo de felicidade fora e à parte de Deus. Dessa tentativa, que não pode dar certo, diz o escritor, vem quase tudo o que chamamos de história humana: o dinheiro, a miséria, a ambição, a guerra, a prostituição, as classes, os impérios, a escravidão – a longa e terrível história da tentativa do homem de descobrir a felicidade em outra coisa que não Deus.

O mesmo autor ainda nos lembra que os seres humanos julgam uns aos outros pelas ações externas. Deus, porém, os julga por suas escolhas morais. O apóstolo Paulo reiterou isto quando escreveu aos Gálatas dizendo que Deus não se deixa escarnecer, porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Daí a relevância de nossas escolhas.

Quando os seres humanos agem deliberadamente contra os princípios morais estabelecidos por Deus no Universo, sem manifestar arrependimento, disse Paulo em sua carta aos Romanos no capítulo primeiro – eles são entregues aos próprios desejos, para desonrarem o seu corpo entre si; Deus os abandona para que realizem as paixões mais infames. No caso das mulheres quando mudam o uso natural, no contrário à sua natureza, bem como os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamam em sensualidade uns para com os outros, homem com homem. Isto evidencia o quanto escolhas individuais irresponsáveis conduzem à perversão e à promiscuidade toda uma sociedade.

Qual a finalidade de nos preocuparmos com nossas ações e nossas escolhas? Elas definirão nosso futuro. Ao contrário do que muitos imaginam, nós não fomos criados somente para esta vida, e sim para a eternidade. Questões como estas levaram Lewis um ex-agnóstico a concluir – há várias coisas com as quais eu não me preocuparia se fosse viver apenas setenta anos, mas que me preocupam seriamente com a perspectiva da vida eterna.

marcosguimaraes.mt@gmail.com

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3 comentários

  1. À Paz do Senhor Marcos Guimarães
    Muito importante sua abordagem,quando voce mostra causas das mais miseraveis mazelas sociais vivenciadas por nossa sociedade,que insiste em querer viver divorciada de Deus,e estranhas ao Seu Projeto.Enquanto isso nossos governantes insistem em combater os efeitos,gastando milhões sem resultado.È distribuíção de preservativos,enquanto deveriam ensinar os adolecentes e os jovens á abster-se do sexo até o casamento;È discriminalização do uso do álcool no transito,quando deveriam proibir de uma vez por todas essa droga lícita que é responsavel pelas mazelas familiares etc.Quando este Brasil que amamos vai acordar para a realidade,de sua decisões de hoje vai refletir amanhã?

  2. Vandeilson,

    Seja bem-vindo a este blog.

    Realmente, o Marcos abordou com grande habilidade o tema. Nossos hábitos criam o nosso destino.

    Valmir

  3. NÃO SOMOS UMA ILHA
    Há uma importante lição que precisamos aprender nestes dias tão conturbados: precisamos uns dos outros.
    A presença de outras pessoas é essencial – pessoas que cuidam, pessoas que ajudam, pessoas amigas, pessoas que pensam na gente… Às vezes somos tentados a pensar que podemos cuidar sozinhos das coisas, mas logo que nos vemos diante de um intransponível obstáculo somos obrigados a admitir que precisamos de ajuda. Descobrimos, tudo de novo, que não somos tão auto-suficientes quanto pensávamos…
    Ronaldo Lírio.

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