O mundo das dietas acaba de ganhar a mais revolucionária. Nada tão drástico como redução do estômago ou áridos jejuns. Depois da dieta do arroz, do toucinho, do gafanhoto, da cebola, a moda é a dieta de Deus. Reportagem no jornal “O Globo” informa que se prolifera nas igrejas estadunidenses esta nova mania para ajudar aos gordinhos, quase 65% dos americanos. Fiéis obesos se reúnem nos templos e formam grupos de auto-ajuda para evitar a tentação de comer compulsivamente.
Mesmo que Max Weber não tivesse descoberto o segredo do capitalismo, eu perceberia. A carta na manga dos americanos é usar Deus com resultados efetivos, enquanto no terceiro mundo só O utilizamos em procissões e promessas. Puseram Deus na moeda, inventaram igrejas que motivam o sucesso, a saúde e o progresso econômico. Deus ajuda na guerra do Iraque e agora – até me estranha ninguém ter antes descoberto – o Todo-Poderoso auxilia os ianques na perda de banha. Receita simples que não veio à mente de nenhum nutricionista periférico. Talvez porque, na África e Latinoamérica, desnutridos é o que não falta. Mas, já que Deus serve pra tudo, ao menos poderíamos ter descoberto uma novena antifome.
Em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Weber já descobrira o nexo entre a idéia calvinista – Deus abençoa seus fiéis com a prosperidade – e o desenvolvimento econômico de nações como EUA, Alemanha e Inglaterra. Enquanto o catolicismo insiste na mortificação e na pobreza como sinal de santidade -santos católicos são pálidos e esquálidos – o protestantismo gerou homens rechonchudos e ricos.
Outro dia ouvi na TV um pastor evangélico dizendo que Jesus pobre era invenção católica. “Ora, Jesus tinha um burro e, naquele tempo, um burro era como uma Ferrari nos dias de hoje”. Eu acho que uma Ferrari naquele tempo era uma carroça romana, mas a retórica é surpreendente.
Só há um porém. Para quem abusou do leite e mel da terra prometida – quer dizer, hambúrguer e coca-cola – há um efeito colateral: a obesidade. Mas o mesmo Deus – que multiplicou fartura e gordura – agora abençoa com a graça da elegância. Basta negociar com o criador as coisas certas ao tempo certo. E ir ao templo.
Nós, bonzinhos e pobres, jejuamos o ano inteiro, curtimos essas longas procissões que emagrecem e, se tivermos comida, vencemos a gula e ainda repartimos com mais miseráveis. Salvo exceções, somos magros. E Deus nos dá uns políticos que roubam dinheiro público e o aplicam em contas no exterior. Alimentam-se bem e engordam por nós. Somos abençoados com a magreza. Deus seja louvado.
Essa dieta, como as outras, em nada me atrai. Só queria que mais esse caso de utilidade divina fosse exemplo para nós brasileiros. Já está na hora de superarmos esse uso restrito de Deus: só para rezas, promessas e procissões. O Supremo precisa ser mais bem aproveitado. Por exemplo, para nos ajudar a escolher políticos decentes nas eleições deste ano. Deus tem de alçar-nos ao primeiro mundo. Tenha piedade de nós, os magros!
Pablo Morenno: Pablo Morenno nasceu em 21.05.1969, em Belmonte, SC, e mora em Passo Fundo, RS. É licenciado em Filosofia e atualmente cursa Direito na Universidade de Passo Fundo. Também é professor de Espanhol em cursinhos pré-vestibular, músico e servidor público federal do Tribunal Regional do Trabalho/4ª Região. Escreve uma coluna semanal de crônicas no jornal O Nacional, de Passo Fundo RS, e colabora com os jornais Zero Hora, Direito e Avesso, Nossa Vida, Revista do TRT e em páginas da internet. Tem vários prêmios literários e publicações em antologias.
fonte: http://www.verdestrigos.org
eu gostaria de participar,,,,,
E verdade, Deus tem que ficar a frente em tudo…e de todos….
cara vc deve aprender mais de Deus e si cuidar, por que não os politicos mais Deus pode condenar o teu corpo e alma, por isso tome cuidado ao usar o Nome de Deus em vão em filosofias pobres e inuteis!!!