Palavras na moda no meio evangélico



Por: Valmir Nascimento

Começarei este texto com uma questão de múltipla escolha. Marque um “X” na alternativa que contenha as palavras que você mais têm ouvido nas pregações ultimamente:
( ) A – Cruz e renúncia;
( ) B – Bênçãos, vitórias e promessas;
( ) C – Salvação, regeneração e justificação;
( ) D – Amor ao próximo, paz e mansidão.

Calma. Não precisa se afobar. Pense com tranqüilidade. Relembre tudo o que você tem visto e ouvido recentemente. Não se preocupe, essa indagação não vale pontos!

Muito bem. Se você foi sincero ao responder a referida pergunta, penso que tenha optado pela letra “B”. Para cada dez pregações sobre temas como bênçãos e prosperidade, uma preleção dos demais assuntos.

Nossos púlpitos estão repletos dessas argumentações. Nossas músicas estão infestadas. Nosso livros, recheados da teologia da prosperidade. Uma teologia humanista que tem como base a benção, a prosperidade e os benefícios terrenos a todos quantos tiverem fé na própria fé.

Nesse sentido, pouco se houve sofre as conseqüências de deixar tudo para seguir a Jesus. Pouco se fala acerca de padecer necessidades em virtude da nova vida cristã. Quase nunca se aborda a cruz de Cristo. Dificilmente prelecionamos sobre renúncia e negar-se a si mesmo. Perseguição e tribulação, então, são palavras estranhas ao nosso vocabulário “evangélico”, eis que quando usadas provocam um silêncio sepulcral no ambiente em que são proferidas. São vocábulos que não provocam comoções. Termos que não suscitam “glórias” e “aleluias”.

Por outro lado, na moda estão palavras como benção, vitória, prosperidade, sucesso, promessa, etc. Termos que não poucas vezes são utilizados aleatoriamente para promover a comoção da “platéia”. Se a pregação não está indo muito bem, basta inserir um desses vocábulos nos meio da frase que a coisa muda. Se o ensino não consegue despertar a atenção do público, simplesmente acrescenta-se uma palavrinha mágica para que a situação se inverta.

Por isso, vez ou outra vislumbra-se pregações e ensinos que sofrem um guinada de cento e oitenta graus. Preleções que começam abordando a santidade, acabam na prosperidade. Pregações que iniciam na cruz, terminam na benção material. Ensinos que principiam na renúncia finalizam com um “carro na garagem”.

Em primeira instancia pode-se dizer que os culpados por este cenário são os pregadores/ensinadores triunfalistas da modernidade, os quais embalados pelo pensamento de agradar à platéia, leia-se igreja, enredarem-se pela exposição de temas agradáveis aos ouvidos, capazes de levar a multidão ao delírio e ao êxtase espiritual.

Aparentemente, o grande vilão é a classe dos pregadores/ensinadores/preletores/palestrantes/congressistas, os quais insuflados pela teologia norte americana que entupiram nossos púlpitos com as benesses terrenas e as dádivas materialistas.

Ocorre, porém, que essa classe não é a única culpada. Como co-autores desse cenário temos também os ouvintes; a platéia; aqueles que estão do outro lado do púlpito. Explico-me: Disse que os pregadores triunfalistas prelecionam sobre temas que o povo quer ouvir, sobre temas que agrade a platéia. Com efeito, enquanto platéia, gostamos de ouvir coisas boas, agradáveis, brandas, amorosas e sobretudo, vitoriosas. Nossa natureza pede para que nos falem de benefícios e de prosperidade. Gostamos de sermos acalentados. Gostamos de receber presentes. Gostamos de tomar posse da benção e da vitória.

Enquanto pentecostais, então, temos prazer em ouvir pregações no melhor estilo “sem-parada”, aquela em que o pregador munido do microfone solta frases rápidas e contínuas, finalizando com um grito estridente. Sim! Na condição humana preferimos ouvir temas de benção ao invés de renúncia; prosperidade ao invés de tribulação; coroa no lugar de cruz.

Assim sendo, temos um notório circulo vicioso, em que os pregadores pregam o que a platéia quer ouvir; e os ouvintes acostumando-se com os temas da prosperidade “repelem” as preleções de estilos diferentes: amor ao próximo, frutos do espírito, regeneração, etc. Alguns pregadores/preletores até que tentam mudar, porém, ao perceberem que sua mensagem não está obtendo êxito, enveredam-se também pelo mesmo círculo.

As pregações do Cristo

Olho para a dinâmica das pregações e dos ensinos de Cristo e vejo quão distante estamos do seu padrão. Em seus ensinos Jesus empregava uma maneira peculiar de transmitir as verdades acerca do Reino. Sua didática essa magnífica. A forma como repassava conhecimento é um paradigma para qualquer educador da atualidade. No entanto, mais importante que a forma era o conteúdo da mensagem propagada pelo Messias. Ele não levava em consideração o que o público queria ouvir, pelo contrário, seus ensinos iam na contramão dos anseios da platéia. Sua explanação estilhaçava os desejos medíocres dos ouvintes.

Analiso o Sermão da Montanha e adquiro mais convicção: Jesus falava o que era preciso, independente do pensamento dos demais. “Bem-aventurado os pobres de espirito(…). Bem-aventurados os que choram (…). Bem-aventurado os mansos (…). Bem-aventurado os que tem fome e sede de justiça(…) . Bem-aventurado os misericordiosos(…). Bem-aventurados os limpos de coração(…). Bem-aventurados os pacificadores(…). Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça(…). Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa”. Mt. 5.3-11.

Apesar da situação social caótica do povo de Israel, que vivia sob o jugo romano, o Mestre não utilizou palavras de esperança e revolução social, tampouco deu-lhes a possibilidade de uma libertação imediata muito menos a evidência de bens terrenos. Ao revés, o centro da sua mensagem foi a salvação da alma, a implantação do Reino Celeste e o novo nascimento, que requeria dos seus seguidores nova postura: renúncia, largar pai e mãe, carregar a cruz e ser luz no mundo.

As pregações de Cristo apresentavam-se ao seu ouvintes com aparência do aumento de seus jugos. Superficialmente, tudo indicava que Cristo queria castigar ainda mais o seu povo. Sua doutrina era pesada. Suas idéias contrariavam o anseio social. Tanto que em diversas ocasiões seu ouvintes inclusive alguns de seus discípulos (Jo. 6.67) afastaram-se dele pois suas palavras “eram duras”.

Por certo que Jesus não queria de alguma forma aumentar o jugo daqueles que o seguiam, pelo contrário disse Ele que o seu jugo era leve: “Tomai sobre vós o meu jugo (…) Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Mt. 11.29,30. Ocorre que as pregações de Cristo contrariaram as expectativas da sua platéia. Os judeus não aguardavam um Messias que diria a eles: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim”. Ou, então: “Quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim”. Não. Essas palavras eram muito duras, demais de rígidas. Eles esperavam um Messias libertador, forte e poderoso que os faria governar juntamente com Ele.

Cristo, porém, não se deixou levar pelas expectativas. Não se deixou convencer pelos anseios do seu povo. Não foi levado pelo desejos do seu público, ele bem sabia que a verdade deveria ser dita, independente da forma como a platéia reagiria. Por certo que alguns tomariam outra via, o abandonariam. Mas ele permaneceu fiel à sua missão, no cerne da mensagem: a salvação da alma. Sem essa de palavras da moda. Pra ele, o principal era a cruz. Afinal, a cruz que carregamos, precede a coroa que usaremos, disse alguém.

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18 comentários

  1. só não concordo que em diminuir a “culpa” dos líderes, porque a influência das palavras do líder é muito grande em relação a igreja é fácil permitir que pensem por nós sem questionar nada. è como o texto sobre educação, falta reflexão sobre os fatos. Os pastores por exemplo, sabem do grave erro que cometem quando deixam de pregar o verdadeiro evangelho.

  2. Muito boa a sua mensagem. Eu sou preletora e sempre abordo em minhas ministrações, a mensagem da Cruz, que é um chamado a renúncia.Um outro tema que não se prega mais, é sobre a vinda de Jesus. Acho que os crentes nem querem que Jesus volte, pois eles precisam de tempo para usufruir das bençãos materiais, usar os carrões, viajarem bastante, etc… O Evangelho que é pregado hoje, é imediatista. Que Deus levante uma nova geração de pregadores, realmente comprometidos com o Evangelho de Jesus!

  3. criticar não vai adiantar….todos temos falhas.O erro maior erro cometido pelo homem diariamente,constantemente é tentar tirar a trava do olho do nosso próxima e nos esquecemos que temos uma bem maior do que a do nosso próximo.Por que falar de católicos ou evangélicos …com certeza cada um vai defender o seu ideal …. o meu ideal é Jesus e não religião . Ele não veio pregar religião ao mundo mas vida ,salvação … e não somos ninguém a condenar uns aos outros . O senhor está voltando e ai daqueles que estiverem ainda pensando de forma egoísta , excentríca , religiosa , maliciosa e hipócrita …. arrependei-vos e convertei-vos ao Evangélho de Cristo e não de homens …arrancai-vos da trave que esta em teus olhos e orem pelo nosso país abençoando e não amaldiçoando , só peço a voces … não julguem para que nao venham ser julgados na hora em que o Senhor lhe cobrar das suas obras … É FÁCIL CRITICAR … O DIFICIL É CONCERTAR …
    OBRIGADA
    ATENCIOSAMENTE
    ELIANE M. P.

  4. Olá Elaine,

    Obrigado pela visita.

    Realmente, criticar é fácil, fazer é difícil. No entranto, não podemos ser omissos ao perceber que pensamentos equivocados estão adentrando ao nosso cristianismo. No caso, não podemos nos esquecer daquilo que Paulo disse: “Tu, porém, fala aquilo que convém à sã doutrina”. Ademais, sobre a questão do julgamento, devemos perceber que no mesmo capítulo que o Mestre disse para não julgarmos ele tb asseverou para “estarmos atentos em relação aos lobos vestidos em pele de ovelhas”. Portanto, o jugamento mencionado por Jesus é aquele em que ataca pessoas, pelo que atitudes, qdo contrárias à Palavra de Deus, precisam obviamente ser combatidas.

    Valmir

  5. Isto ocorre com ênfase nos pentecostais. Sou de uma igreja história e nossa mensagem é cristocêntrica e atual.

  6. Olá!!! creio que a igreja esta passando por um momento de esfriamento da fé, diga-se dé passagem já anunciado por Cristo antes, pois o que realmente vemos são pessoas buscando bençãos e não o abençoador, creio que não podemos ficar calados diantes de multidoes que nada querem alem de um carro novo, ou uma casa maior. emprego e etc… As pessoas devem amar A Deus acima de todos as coisas e invoca-lo pelo o que Ele é, e não pelo o que Ele pode vos dar… como já foi dito e bem capaz de que muitos nem desejem ou se lembrem mais da volta de Cristo e do Arrebatamento… a biblia é muito clara quando diz: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” (1Co 15.19). o nosso alvo deve ser o céu e a glória do senhor !!! fomos feitos para adorar e levar a palavra pura e verdadeira a toda criatura afim de que venham filhos pela graça, assim como agraça nos alcancou que alcance a muitos mais. Acredito que Deus tem sim o melhor para nós desta terra!! Mas viver bem não significa amontoar riquesas… ter prosperidade não quer dizer ser um empresário milhonario e sim ser bem sucedido em seus atos aceito entre seus, sábio e principalmente temende ao Senhor… assim como um pai sabe o que dar de comer a seu filho.Quando é pequeno lhe dá leite. depois papinha, depois comida mais tarde ele come carne. Assim Deus sabe do que precisamos em todas as fases de nossas vidas e de nossos anceios e vc pode ter certeza não adinta “esperniar” por “carne” enquanto ainda se é bebe que o Pai não quer que seu filho se engasgue e sim que ele cresça na graça. Por esse motivo é que digo que esse “Evangelho da prosperidade” tem escandalisado muito a palavra e a Igreja, muitos que não estão firmados em crito e sim firmados e bens se escandalisam ao não receberem o prometido e acabam a desacreditar em Deus, quanto na realidade o que deve ser desacreditado é o que está em atras do pubito a pregar de forma erronia a palavra de Deus, preocupado tambem em ver sua Igreja cheia e muitas das vezes os cofres transbordado. vivem errado pregam seu erro…

    muito bom seu conteúdo gostei muito me desculpa o desabafo amigo…

    até a proxima…..

  7. Caro irmão Valmir, parabéns pela abordagem. É lamentável que o evangelho cristocêntrico tenha sido abandonado pela “igreja cristã”. Ontem mesmo estava falando na igreja que o povo não quer a Palavra porque ela confronta, incomoda, desnuda. E é exatamente essas coisas que a maioria dos “crentes” não quer. É por isso que não influenciamos a nossa nação, a despeito dos alardes sobre o crescimento dos evangélicos no país.

  8. Pr. André.

    Obrigado pela visita e pelo comentário.

    Paulo disse que nos últimos dias haveriam homens “amantes de si mesmos”. A teologia está nesse mesmo patamar, vivemos, portanto a “religião antropocêntrica”, onde o homem é o centro de todas as coisas, inclusive, da espiritualidade.

  9. Parabens irmão Valmir,isso é a mais pura verdade.Os pregadores querem em sua maioria falarem aquilo que os homens querem ouvir.Para serem bajulados como bons pregadores.

    Pb.Carlinhos.

  10. MUITO BOA A ABORDAGEM IRMÃO VALMIR , ISSO É A MAIS PURA VERDADE , AS VEZES OS PREGADORES ESTÃO LA NO ALTAR APENAS QUERENDO GLÓRIA E SEREM CONHECIDOS , PELAS SUAS PREGAÇÕES QUE AGRADAM AO OUVIDOS DAQUELES PRESENTES ! QUANDO NA VERDADE O QUE É PRECISO SER PREGADO , NÃO SE PREGA ! PRINCIPAL TEMA QUE SE OUVE MUITO POUCO HOJE EM PREGAÇÕES É O APOCALIPSE , ESTAMOS NOS FINS DOS DIAS PESSOAS PRECISAM CONHECER A VERDADE , MESMO QUE ELA SEJA DURA , E OS PREGADORES NÃO ESTÃO FAZENDO ISSO !!
    POR ISSO PARABÉNS PELA MENSAGEM IRMÃO VALMIR , E FICA O ALERTA PARA TODOS NÉ ! A PAZ DO SENHOR JESUS IRMÃOS!

  11. Receba meus cumprimentos pela maravilhosa abordagem, visto que se trata deum tema bastante polêmico porém, pouco combatido. Sou um tipo de cristão que se preocupa com a genuina palavra de Deus, com a salvação de almas e com o viver em santidade. Lamentavelmente ao lermos ou ouvirmos testemunhos, a primeira coisa que tomamos conhecimento: bençãos materiais conquistadas, enquanto salvação, regenerção, santidade nem são mencionadas.

  12. A paz do seenhor Jesus a todos . Nao discordo de nada que meu amigo irmao escreveu ,mas gostaria de salientar que a palavra de Deus nos ensina que nos ultimos dias o amor de muitos se esfriaria , e estamos vivendo este tempo onde as pessoas em todos os niveis vivem olhando somente para o seu ventre e mais vendendo aquilo que as pessoas querem comprar e tudo isso tem tornado o cristianismo olgo muito barato.Mas por outro lado nao deixa de ser uma grande oportunidade da luz ser manifesta ou uma grande oportunidade para auqeles pouco que nao estao preocupado com PODER,FAMA,E DINHEIRO vejo uma enorme oportunidade que Deus nos da de vivermos e fazermos a diferença na obra de Deus´pois é isso que Deus espera que a luz brilhe em emio as trevas Que Deus abençoe a todos e nos de a graça de usar tudo isso que esta acontecendo e fazer totalmente o contrario e pode ter a certeza nao sera facil mas agindo DEUS quem impedira fiquem com Deus

  13. caro irmao depois que li este artigo meus olhos se abriram!minha vida tomou outro rumo .GLORIA A DEUS!Que Deus possa te usar cada dia mais .

  14. A PAZ DO SENHOR !OLHA IRMAO DEOIS QUE LI ESTE ARTIGO,NUNCA MAIS FUI A MESMA .MEUS OLHOS SE ABRIRAM .GLORIA A DEUS !DEUS O ABENCOE RICAMENTE

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